Ministério Grão De Trigo

Ler Online
Arrependimento Para A Vida

O JULGAMENTO VINDOURO

Capítulo 4

Arrempendimento Para A Vida, livro por David W. Dyer

Publicacao Grao de Trigo

Escrito por David W. Dyer

ÍNDICE

Capítulo 1: ARREPENDIMENTO PARA A VIDA

Capítulo 2: O PROCESSO DE ARREPENDIMENTO

Capítulo 3: A VERDADE QUE NOS LIBERTA

Capítulo 4: O JULGAMENTO VINDOURO (Capítulo Atual)





Capítulo 4: O JULGAMENTO VINDOURO


Todos os crentes algum dia ficarão diante da presença não diluída de Deus. “(...) Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus” (Rm 14:10). Lá, o que somos e o que temos feito serão testados pela intensa e ardente presença de quem Ele é. Todos nós passaremos por esse divino fogo.

Está claro que não somente nossas atitudes, palavras e feitos serão analisados pelo fogo santo, como também nós mesmos seremos provados por ele. As Escrituras nos ensinam: “(...) manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará. Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo” (1 Co 3:13-15).

A maioria dos crentes já sabe que suas obras serão testadas deste jeito, mas parece que muitos ainda pensam: “Eu posso perder alguns galardões, mas e daí? Que diferença fará, para mim, se algumas das minhas obras se queimarem?” O que ainda não conseguem ver é que eles também serão completamente provados pelo mesmo fogo! Eles podem ser “salvos”, mas aparecerão sem proteção ou desculpas, na intensa e ardente presença do Deus Todo-poderoso.

Para alguns será uma experiência maravilhosa. Eles verão, face a face, Aquele que transformou e limpou suas vidas. Eles se regozijarão com uma alegria que vai além de palavras humanas.

Para outros, porém, a experiência será terrível. Sofrerão vergonha e dano. Seus pecados não confessados serão expostos e sua natureza pecaminosa será totalmente consumida pelo Fogo Eterno. Quando estivermos diante de Deus, as “partes” não santas, impuras, de nossa alma serão destruídas. As porções não transformadas de nosso ser serão consumidas.

Essas áreas pecaminosas de nossa alma não entrarão na nova Criação, porque serão destruídas ou “perdidas” na vinda de Jesus. Este é um importante fato bíblico que muitos crentes não conhecem, apesar de ser crucial entendê-lo.

Como podemos ter certeza de tudo isso? Para começar, devemos nos lembrar do começo de nossa discussão a respeito da inimaginável essência concentrada de Deus. Em Sua presença direta, a santidade, pureza, honestidade, amor – em suma, toda Sua natureza divina – se manifestarão sem diluição.

Tudo que for como Ele passará no teste. Qualquer coisa diferente será consumida pelo “fogo”. Nenhuma “parte” que pratique o pecado, nenhuma “parte” egoísta, nenhuma “parte” que aprove a injustiça ou qualquer coisa semelhante poderá subsistir. Somente aquilo que é da mesma natureza de Deus passará no teste.

Se lhe dissesse que eu poderia colocar um pedaço de jornal dentro do fogo intenso e ele não se queimaria, você não acreditaria. De igual modo, nenhum homem “natural” será capaz de permanecer na presença de Deus porque será consumido.

Naquele momento, será tarde demais para pedir perdão. Naquele dia, nem mesmo o arrependimento funcionará. Simplesmente, não haverá tempo suficiente, ou oportunidade para que o processo de transformação aconteça. Não haverá mais tempo para que a vida de Deus cresça. Nenhuma quantidade de perdão, naquele momento, poderá proteger nossa alma não-transformada da intensidade de Deus.

O EXEMPLO DE MOISÉS

Moisés amava a Deus. Por isso, estava curioso para vê-Lo e, um dia, fez um pedido. Disse: “Rogo-te que me mostres a Tua glória” (Êx 33:18). No entanto, Deus teve de explicar algo para ele. O que estava pedindo era absolutamente impossível. Moisés não podia ver Sua face. Ele era incapaz de permanecer em Sua presença direta. Por que será? Deus explicou dizendo: “(...) porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá” (Êx 33:20).

Agora, como seria isso? E se alguém, acidentalmente, visse a Deus, Ele o mataria? Seria uma punição por espreitar algo proibido? Não, essa é a consequência natural da santa presença de Deus. Nada meramente humano poderia resisti-la. Então, no final das contas, Deus acabou revelando “Suas costas” a Moisés, mas não Sua face.

O homem natural, com sua natureza pecaminosa, não conseguirá permanecer na presença de um Deus santo. Qualquer coisa em nós que não corresponder com a natureza divina será queimada. “Porque o nosso Deus é fogo consumidor” (Hb 12:29). Este é o único resultado possível do encontro de qualquer homem ou mulher com Ele. Qualquer coisa remanescente da vida natural será consumida.

Este será o cumprimento da segura promessa de Jesus. Ele ensinou: “Porquanto, quem quiser salvar a sua vida [alma, PSUCHÊ] perdê-la-á (Mt 16:25; Mc 8:35; Lc 9:24, 17:33; Jo 12:25). Qualquer coisa de nossa velha vida, nossa alma, que não se render à crucificação hoje, será “perdida” amanhã, quando Jesus voltar. Este não é um ensino obscuro, pelo contrário, é bem claro.

Essa verdade era tão importante para os autores dos Evangelhos que ela é mencionada cinco vezes por eles. Qualquer um que se recuse a entregar sua velha vida e natureza à morte através da cruz de Cristo, certamente perdê-la-á, sem recurso, no dia em que Jesus voltar.

Não há outra possibilidade. Temos absoluta certeza de que nenhuma coisa pecaminosa adentrará a nova Criação. Também sabemos que o pecado não permanecerá na presença de Deus. Entendemos, também, que um crescimento ou transformação espiritual instantâneo não é possível. Então, a única opção é que nossa velha “vida da alma”, nosso “eu” será perdido no tribunal, exatamente como Jesus nos prometeu. Qualquer “parte” não transformada de nossa alma se queimará.

Agora é tempo de preparação para este evento. Nosso Criador não quer que pereçamos. Ele providenciou salvação para nós – Sua vida eterna. Essa vida eterna e indestrutível pode substituir a nossa. Podemos morrer e Ele pode viver em nosso lugar. Hoje, podemos ser crucificados com Ele, e com Ele também, ressuscitar e viver em novidade de vida.

Desta forma, seremos à prova de fogo. Nós nos tornaremos um tipo de criatura que pode sobreviver na presença de Deus. Seremos como Ele é, pelo poder salvador de Sua vida, que Ele mesmo nos deu. Assim, estaremos preparados para encontrá-Lo face a face.

Parece que muitos crentes, como Moisés, se contentam em somente olhar para as “costas” de Deus. Quando Moisés olhou para o Senhor, viu Sua misericórdia, Sua graça, longanimidade, grande bondade e verdade (Êx 34:6). Esses aspectos de Deus são, de fato, maravilhosos. São preciosas virtudes que todos nós precisamos ver e compreender.

No entanto, há mais em Deus do que isso. Embora possamos nos deleitar no que vemos em Suas “costas”, um dia veremos Sua face. Quando isso acontecer, contemplaremos Sua extrema santidade, Sua ardente e consumidora retidão, Sua indissolúvel e resplandecente justiça e muito mais.

Todos os cristãos precisam conhecer a Deus intimamente, não apenas os aspectos mais “agradáveis” em Suas “costas” – como misericórdia e perdão – mas também conhecê-Lo face a face. Através do arrependimento e do perdão, devemos entrar em intimidade com Ele.

Devemos olhar para Sua face gloriosa, para sermos transformados à Sua imagem (2 Co 3:18). Todos os nossos pecados são expostos e eliminados somente quando nos aproximamos Dele. Quando temos intimidade com o Senhor, somos saturados com Sua vida e Sua essência. Apenas esses crentes íntimos estarão confortáveis na presença do Fogo Eterno e não sofrerão dano em Sua vinda.

PROVADOS PELO FOGO

Os crentes serão realmente provados pelo fogo? Com certeza. Já lemos a respeito daqueles cujas obras serão queimadas, ainda que sejam salvos “como que através do fogo” (2 Co 3:15). Também estudamos o caso daqueles que endurecem seus corações contra Deus e não podem mais se arrepender. Esses são aqueles cujo fim é serem queimados (Hb 6:8).

Além disso, o próprio Jesus nos ensinou que deveríamos cuidar para que mantivéssemos um relacionamento íntimo com Ele. Caso contrário, sofreríamos consequências sérias. Está escrito: “Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam” (Jo 15:6).

João, o Batista, também nos advertiu sobre a importância de darmos frutos. Esses frutos são, simplesmente, o resultado de nosso contínuo relacionamento íntimo com Jesus. Contudo, se ignorarmos este privilégio, o resultado será catastrófico. Ele proclama: “Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo” (Mt 3:10).

Embora muitas pessoas tenham tentado usar esses versículos para mostrar que crentes podem perder sua salvação e “ir para o inferno”, aqui nós entendemos uma verdade diferente. É sobre o fogo da intensa presença de Deus que a passagem fala. Sua intensa e ardente presença consumirá tudo o que não for como Ele.

TRANSFORMAÇÃO PARCIAL

Vamos supor que sejamos apenas parcialmente transformados. Vamos imaginar que alguém não tenha se rendido a Jesus por completo durante seu tempo de vida e, por causa disso, só foi um pouco transformado.

Enquanto a vida de Deus está enchendo algumas partes do ser dessa pessoa, outras áreas estão ainda cheias da vida natural e pecaminosa. Qual será, então, o resultado quando essa pessoa aparecer diante do tribunal? O que acontecerá, neste caso?

A resposta é muito simples. Aquela “parte” de qualquer crente que tenha sido transformada à imagem de Cristo, certamente sobreviverá na presença de Deus. O “fogo” não terá qualquer efeito sobre ela. Ela já se tornou eterna pela operação da vida eterna. Aquela porção, de qualquer crente, no entanto, que ainda permanecer natural e pecaminosa, será consumida pelo fogo de Deus. Não há outra possibilidade. Ela não será transformada instantaneamente. Deus não fará “vista grossa”. Não será, naquele momento, simplesmente perdoada e ignorada. Em vez disso, será queimada pela intensidade da essência de Deus. Essa parte da alma será “perdida”, cumprindo a promessa de Jesus.

Os anos de rebeldia contra a obra transformadora do Espírito Santo terão sua paga. Todo tempo que gastamos resistindo à convicção de pecado em nossa consciência será revelado. Nossa falta de arrependimento e nossa indisposição para morrer para nós mesmos serão vistas claramente quando “perdermos” aquela porção da nossa alma que não foi transformada pelo Espírito Santo.

COMO SERIA ISSO?

Como uma pessoa, que foi parcialmente transformada e, portanto, “perdeu” parte de sua alma ficaria? Veríamos a metade de uma pessoa? Ou alguém sem braços ou pernas? Como alguém pode ser salvo “fracionadamente”? Como isso se manifestaria?

Para começar, devemos nos lembrar de que não estamos falando sobre o corpo de uma pessoa, e sim de sua alma, o que se torna, então, uma questão de crescimento e maturidade espirituais.

Como somos transformados pelo amadurecimento da vida sobrenatural dentro de nós, nosso “grau” de transformação pode estar intimamente ligado ao quanto que essa vida cresceu de fato. No mundo natural, todo tipo de vida cresce e amadurece. É um processo que leva tempo. Os seres humanos, por exemplo, nascem como bebês, crescem para serem crianças, tornam-se adolescentes, jovens, adultos e, por fim, indivíduos completamente maduros. Na Bíblia, temos evidência de que a vida espiritual também tem esses estágios. Esse processo demora muitos anos.

Em 1 João 2:12-14, João escreve sobre três graus de maturidade: “filhinhos”, “jovens” e “pais”. Também há muitos outros lugares, no Novo Testamento, onde diferentes autores referem-se a “bebês em Cristo”, problemas de imaturidade, crescimento espiritual, a necessidade de maturidade, etc. Não há, pois, nenhuma dúvida de que o processo de maturidade espiritual é paralelo ao do mundo natural.

Parece, portanto, muito lógico imaginar que, se esse processo de crescimento for interrompido ou incompleto, o indivíduo não estará completamente maduro. Permanece no estágio de maturidade onde seu processo foi interrompido. Possui apenas o grau de maturidade que conseguiu atingir. Consequentemente, quando o homem natural for consumido, o que sobrará será a “parte”, ou aspecto transformado de sua alma. Por exemplo, um crente bebê na fé seria um bebê, um crente jovem seria jovem, e um crente maduro se mostraria maduro.

O estágio ou grau de crescimento espiritual que ele tiver atingido será sua condição eterna. Qualquer “grau” de maturidade que aquela pessoa tiver obtido será a “idade” dela para sempre. O restante será queimado e perdido. Espero que tenha ficado perfeitamente claro. Na “eternidade”, os crentes surgirão em diferentes estágios de desenvolvimento espiritual.

Isso não tem nada a ver com a idade deles na terra. Seu físico, sua maturidade terrena não será um fator determinante. O que terá importância, neste caso, será o quanto cooperaram com Deus, de forma que Sua vida pôde amadurecer dentro deles. Será o desenvolvimento de nossa vida espiritual que se traduzirá em nossa condição eterna.

Provavelmente, então, na eternidade encontraremos crentes bebês, crentes jovens e crentes maduros. A aparência deles estará ligada ao quanto progrediram na vida espiritual. Ninguém será igual. Cada um receberá seu “galardão” baseado no crescimento da vida de Deus em si.

A maturidade espiritual de cada um será, de fato, a totalidade ou, no mínimo, a maior parte de nosso galardão; porque, assim como nesta vida terrena, nossa maturidade nos habilitará para gozar as coisas mais completamente. Crianças podem ser alegres, mas há muitas coisas que elas não podem fazer. Pessoas jovens também são limitadas em sua capacidade de apreciar ou saborear muitas experiências. Assim também, no futuro, nossa maturidade determinará a profundidade do que gozaremos em Deus e tudo que Ele vai criar.

Meu palpite é que cada um receberá um novo corpo glorificado, que refletirá seu grau de maturidade. É possível que, à medida que crescermos espiritualmente, esses novos corpos estejam “crescendo” também, demonstrando um maior grau de maturidade. Esses corpos estão sendo preparados para habitarmos neles no futuro. Jesus está, agora, preparando este “lugar” para nós (Jo 14:2).

Juntando parte de dois versículos que estão em 1 Coríntios 15: 41 e 42, lemos: “(...) porque até entre estrela e estrela há diferenças de esplendor. Pois assim também é a ressurreição dos mortos.” Por favor, lembre-se de que o texto original em grego não estava dividido em versículos, nem as frases por pontuação.

Haverá, com certeza, uma diferença entre os crentes na eternidade vindoura. Assim como o brilho de cada estrela é diferente das demais, os crentes exibirão um grau diferente de glória dependendo da sua maturidade.

Naturalmente, isso tudo é um mistério. Só conseguimos ver essas coisas de uma forma imperfeita, enquanto estamos nesta terra. No entanto, temos ampla evidência nas Escrituras que mostra que as partes não transformadas da alma se perderão. É lógico. O que permanecerá será aquilo que tem sido saturado com a vida e a natureza do Deus eterno.

MAS DEUS É AMOR

Alguns podem relutar contra o fato de que a parte não transformada da alma dos crentes será destruída na presença de Deus, ou “perdida”. Podem insistir que, como Deus é cheio de amor, misericórdia, compaixão, perdão e longanimidade, Ele não pode julgar nenhum de Seus filhos sequer tão severamente.

É verdade que Deus é cheio desses atributos maravilhosos. Quando Ele aparecer, essas virtudes também se manifestarão completa e intensamente. Por exemplo, a atmosfera ao redor Dele estará impregnada de um amor incrível. Todavia, à luz desse amor, toda nossa falta de amor será exposta. O amor que temos por nós mesmos será visto com a máxima clareza. As muitas vezes em que não agimos em amor com nosso próximo serão dolorosamente expostas. Não será resultado da falta de amor da parte de Deus que fará isso acontecer, e sim da grandeza do amor que define Sua natureza. Sofreremos um impacto inevitável naquele momento.

Da mesma forma, as vezes que não tivemos misericórdia dos outros, os momentos em que não exercemos compaixão, as situações em que negamos perdão aos outros e nossa falta de longanimidade serão expostos pelo que Ele é. O que Ele é revelará, com alarmante clareza, tudo que somos. Se não temos sido transformados por Sua vida para sermos como Ele, sofreremos dano.

Além disso, o fato de que Ele nos ofereceu gratuitamente, a um preço tão alto, a oportunidade de mudarmos e sermos cheios de Sua natureza no lugar da nossa, vai ser ressaltado como nunca. Se sofrermos danos quando Jesus voltar, não será por causa de Sua falta de amor ou porque Ele não demonstrou Seu amor por nós, mas por causa de nossa própria negligência e desobediência. Será porque não usufruímos de Seu amor. Não teremos nenhuma desculpa ou argumento. O universo verá e concordará que Seu julgamento sobre nós será justo.

É verdade que Deus é bom. Ele não está nos julgando hoje. Ele está interagindo conosco baseado em Sua bondade, amor e graça. Nesta era da Igreja, Ele guardou Seu julgamento enquanto nos dá todas as chances para usar nosso tempo e sermos transformados à Sua imagem.

Contudo, não podemos interpretar Sua bondade e graça de forma errada. Não podemos imaginar que isso significa que o julgamento nunca acontecerá. Este intervalo, este tempo de bênção, deve ser uma oportunidade para nos prepararmos para o que está por vir.

Em vez de relaxar e usar esta presente ausência de julgamento para satisfazer nossa carne, devemos usar este pequeno período de tempo para obter o máximo de transformação através de um constante e profundo arrependimento.

Paulo admoesta-nos, dizendo: “Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?” (Rm 2:4). Em vez de pensarmos que a bondade de Deus vai nos desculpar no futuro julgamento, precisamos entender que é essa bondade que nos leva ao arrependimento para nos salvar do julgamento.

Quando chegar o tempo do julgamento, o perdão não será mais uma opção. O tempo da graça terá terminado. A oportunidade de arrependimento e de transformação terá se acabado. Que Deus tenha misericórdia de nós para que estejamos preparados para recebê-Lo com alegria e de braços abertos.

A SEGUNDA VINDA

Jesus Cristo virá mais uma vez. Ele voltará em Sua glória, algum dia em breve, para destruir o reino do futuro homem do pecado e estabelecer Seu reino aqui na terra. Da mesma maneira que subiu, Ele descerá, outra vez, para nos receber (At 1:11). Este será o momento em que Ele irá julgar Seu povo. Apareceremos diante de Seu tribunal (Rm 14:10). Esta será a hora em que a nossa condição espiritual será exposta – seja ela boa ou má.

Os primeiros cristãos pensavam que a volta de Cristo seria dentro de poucos anos. Eles criam que Ele retornaria a qualquer minuto.

Portanto, muitos viviam como se Ele fosse chegar a qualquer momento. A maioria não se envolvia com o pecado. Eles estavam sempre buscando agradá-Lo. Mantinham-se separados do mundo e de outras distrações. Cooperavam com a obra de transformação do Espírito Santo. Em suma, viviam na expectativa do retorno e julgamento de Jesus a qualquer momento.

À medida que o tempo foi passando, porém, as coisas mudaram. Logo, ficou claro que Seu retorno não era tão iminente como se acreditava no começo. Então, seguindo a tendência natural da raça humana, aquela urgência e expectativa definharam no coração de alguns. Começaram a viver suas vidas como antes. O pecado tornou-se mais evidente nas primeiras igrejas. As tendências humanas de egocentrismo e mundanismo começaram a se manifestar cada vez mais. Essas mesmas inclinações estão bem evidentes nas igrejas atuais, também.

Hoje, há muitos cristãos, por exemplo, que talvez cantem “Vem, Senhor Jesus”, durante um tempo de adoração. Entretanto, quantos de nós, de fato, querem que Ele volte imediatamente, neste exato minuto? Ou será que temos outras prioridades em nossas vidas?

Talvez gostaríamos de nos casar, primeiro. Talvez estejamos economizando dinheiro, ansiosos para comprar algo que queremos, como uma casa ou um carro. É possível que haja alguns eventos no futuro dos quais gostaríamos de “curtir”, primeiro. Essas coisas que atraem nossos corações são a evidência de que não estamos onde deveríamos estar com relação a Ele.

Outra coisa que nos impediria de desejar a Sua volta é nosso envolvimento com algum pecado. Poderia ser algo que sabemos que estamos fazendo de errado. Percebemos que aquilo entristece o Senhor, mas, de alguma forma, nosso anseio carnal por aquele pecado nos impede de nos arrepender e parar de vez com ele. Nossa consciência incomoda, mas a ignoramos e endurecemos nosso coração mais um pouco. Claro que qualquer um nessa condição não estaria ansioso pela volta do Senhor, hoje.

Isso me lembra uma experiência que tivemos muitos anos atrás, em algumas reuniões que fazíamos em casa. De vez em quando, a presença de Deus se manifestava de uma forma poderosa e gloriosa. Então, pensava: “Na semana que vem, este lugar estará cheio de gente. Essa reunião foi tão fantástica, que todos vão querer voltar para a próxima”. Mas, em vez disso, na semana seguinte, quase ninguém vinha. Era necessário duas ou três semanas para que todos voltassem, de novo. Esta experiência aconteceu mais do que uma vez. Achei aquilo muito estranho.

Enquanto meditava sobre aquele fenômeno, percebi o seguinte: muitos cristãos não se sentem muito confortáveis na presença de Deus. Gostam de ficar ali um pouco, mas realmente não estão em paz com Ele o suficiente para viver em Sua presença todo o tempo. Gostam de receber uma pequena “dose” de Deus, de vez em quando – tocar na orla de Suas vestes – mas sua consciência perturbada e sua falta de arrependimento não permitirão que fiquem em Sua presença por muito tempo. Eles não vivem no Espírito.

Outra situação veio à mente. Há muitos anos, quando era um jovem crente e solteiro, morava em uma casa com vários jovens cristãos. Um dia, um irmão, que tinha fama de buscar experiências realmente “espirituais”, pediu-me para orar com ele.

Estávamos na sala de estar e começamos a buscar a face de Deus... E nós O encontramos! Começamos a sentir Sua presença cada vez mais forte. Juntos começamos a adentrar lugares celestiais em Cristo (Ef 2:6). A sensação da presença de Jesus parecia cada vez mais real. A glória do Senhor brilhava ao nosso redor. Parecia que Ele logo apareceria fisicamente para nós.

De repente, para minha total surpresa, o irmão gritou: “Pare, pare!”. Aquele era seu limite. Ele não queria mais aquela presença. Não se sentia confortável com tanto do Senhor de uma vez só. E Jesus parou. A experiência rapidamente se dissipou. Deus respeitou seus limites naquele momento. Do mesmo modo, hoje, Jesus nunca ultrapassará à força as barreiras que existem entre nós e Ele.

TODOS NÓS ESTAREMOS DIANTE DELE

Contudo, um dia estaremos diante Dele. Não haverá nenhuma “parada” naquele dia. Estaremos diante de Sua ardente presença, não diluída e intensa. Não haverá lugar para se esconder. Quem não estiver pronto, não terá como escapar. Tudo o que estiver em nossos corações será exposto.

E você? Como está vivendo hoje? Você está vivendo no temor do Senhor? Você seria envergonhado se Ele surgisse agora? Ele ficaria satisfeito ao encontrá-lo fazendo o que está fazendo e vivendo da maneira que está vivendo?

Você está usando seu tempo sabiamente para se preparar e preparar outros para a vinda Dele? Tem-se arrependido cada vez mais, a fim de ser transformado à Sua semelhança? Você é alguém que verdadeiramente ama a Sua vinda (2 Tm 4:8)?

Se a resposta for positiva, você O ouvirá dizendo: “Muito bem, servo bom e fiel; (...) entra no gozo do teu Senhor” (Mt 25:23). Caso contrário, você será envergonhado e sofrerá danos irrecuperáveis em Sua presença e diante de todo universo. “Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição [isso não significa “inferno”, e sim a perda da alma na presença do Senhor]; somos, entretanto, da fé, para a conservação [transformação] da alma.” (Hb 10:29).

Final do Capítulo 4

Ler outros capitulos online:

Capítulo 1: ARREPENDIMENTO PARA A VIDA

Capítulo 2: O PROCESSO DE ARREPENDIMENTO

Capítulo 3: A VERDADE QUE NOS LIBERTA

Capítulo 4: O JULGAMENTO VINDOURO (Capítulo Atual)