Ministério Grão De Trigo

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AUTORIDADE ESPIRITUAL GENUÍNA

O CABEÇA DE CADA HOMEM

Capítulo 5

Autoridade Espiritual Genuina, livro por David W. Dyer

Publicacao Grao de Trigo

Escrito por David W. Dyer

ÍNDICE

Capítulo 1: DOIS TIPOS DE AUTORIDADE

Capítulo 2: A REBELIÃO DE CORÁ

Capítulo 3: A SARÇA ARDENTE

Capítulo 4: A FORMA DE UM SERVO

Capítulo 5: O CABEÇA DE CADA HOMEM (Capítulo Atual)

Capítulo 6: O CABEÇA DO CORPO





Capítulo 5: O CABEÇA DE CADA HOMEM


Muitos cristãos gostam de ler a Palavra de Deus para descobrir o que Deus tem feito e ainda fará por eles. É uma busca pelas riquezas de Deus que estão disponíveis a eles através da fé. Esta é uma busca maravilhosa. O tempo gasto na presença do Senhor, meditando em Sua Palavra, nos alimenta espiritualmente, fazendo-nos crescer.

À medida que crescemos, começa a se formar em nós a percepção de que o universo não é centralizado no homem. Conforme o cristão amadurece, começa a compreender que foi feito por Deus e que Deus não existe simplesmente para beneficiá-lo.

Talvez, mais profundo do que aprender o que Deus pode fazer e fará por nós, seja, em primeiro lugar, considerar por que Ele nos criou. Talvez seja uma grande bênção entender mais sobre Suas intenções divinas concernentes à humanidade.

Por exemplo, uma revelação mais profunda dos propósitos de Deus em criar um ser como o homem, pode nos ajudar amplamente a compreender o trabalho que Ele está fazendo dentro de nós e através de nós. Saber a razão pela qual fomos feitos irá, sem dúvidas, nos ajudar a compreender a vontade de Deus para nossas vidas. Deste modo, armados com este conhecimento, podemos enfrentar, com mais facilidade, as tribulações e dificuldades usadas por Ele para atingir Suas metas. Com isso em mente, vamos examinar juntos algumas passagens bíblicas.

Quando Deus fez o homem, em Gênesis, Ele disse: “(...) tenha ele domínio (...)” (Gn 1:26). Isso revela algo. Nosso Criador nos fez à Sua imagem e semelhança para sermos soberanos, para reinarmos sobre a Terra. Parte de Sua intenção era que os seres humanos fossem mais do que servos. Eles deveriam ser governadores soberanos da criação.

Em outra passagem, o salmista Davi, sem dúvida meditando sobre esta profunda verdade, exclama: “Que é o homem, que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus, e de glória e de honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão (...)” (Sl 8:4-6).

Quando alguém é coroado, há realeza e soberania, autoridade e governo. E quem fez isso com o homem? Foi o próprio Deus que estabeleceu o homem nesta posição, reinando sobre Sua criação! Esta não é uma pequena consideração. O Deus Todo-Poderoso fez o homem, coroou-o com glória e honra e, então, mandou-o governar o mundo.

Este plano não é apenas revelado no Velho Testamento. No Novo Testamento também descobrimos que isso era parte essencial do plano de Deus. Vamos nos tornar, pela obra de Cristo, “reis e sacerdotes” para Deus (Ap 1:6). Vamos “reinar na Terra” (Ap 5:10). Vamos “reinar em vida” através de Jesus Cristo (Rm 5:17). Esses versículos demonstram, sem sombra de dúvida, que Deus tem essa maravilhosa intenção para o homem. Quando nosso Pai nos criou, tinha em mente este importante fato: nós iríamos reinar sobre a Sua criação.

Ora, todos nós sabemos que o Senhor é o Supremo governante do Universo. Ele ainda está assentado no trono do céu. Além disso, Ele não vai renunciar Sua posição. Então, como vamos compreender o fato de que Ele formou um outro ser, à Sua própria imagem e semelhança, e o estabeleceu como um rei?

É evidente que isso não foi feito porque o Ancião de Dias envelheceu muito, está prestes a se aposentar e, então, necessita de um substituto. Não, nosso Senhor não tem intenção de abdicar do controle do Universo. Ele não vai transferir todas as coisas para nós.

DEUS NÃO É UM “SHOW-MAN”

Parte da compreensão deste mistério deve estar no fato de que nosso Deus não é um exibicionista. Isaías declara: “Verdadeiramente, Tu és um Deus que Te ocultas” (Is 45:15 VA). Faz parte da natureza do nosso Deus não fazer as coisas de uma maneira exibicionista, mas sim permanecer escondido (Por falar nisso, como essa verdade se reflete na obra que você está fazendo em Seu nome?).

Até mesmo a presente criação é um exemplo de Seu trabalho secreto. Embora a criação O revele, somente aqueles que estão abertos para Ele podem percebê-Lo. O atual trabalho glorioso que está fazendo em Seus filhos também é algo oculto.

O Deus invisível, o Criador do Universo, escolheu permanecer ao fundo e revelar-Se através de um ser que Ele criou – o homem.

Esse mesmo Deus revelou-Se em Cristo Jesus, dois mil anos atrás. Hoje, Ele deseja Se manifestar por meio de Seus muitos filhos. Ele está Se manifestando a nós para que possa ser revelado ao mundo e até mesmo ao Universo, por meio de nós. No futuro, isso também será verdadeiro. Aqueles crentes que forem fiéis a Ele serão coroados com glória e honra e colocados para reinar sobre a criação de Deus.

Assim, vemos que o propósito de nosso Deus é (e tem sempre tem sido) permanecer oculto, escolhendo reinar através destes representantes que Ele criou. Os homens transbordantes de Deus e sob Seu controle devem manifestar Sua autoridade sobre a Terra. Essa autoridade não pertence a eles. Eles não estão escolhendo ou agindo de acordo com sua própria vontade. Na verdade, estão agindo pelo Espírito de Deus para exercer a Sua autoridade. O Senhor, estando neles, governa por meio deles. Eles serão a manifestação das duas coisas: Sua natureza e Sua autoridade.

Esta compreensão de que Deus pretende reinar e governar através do homem se harmoniza perfeitamente com o que vimos nos capítulos anteriores. O papel do homem no plano divino é ser um canal, um condutor, através do qual a autoridade de Deus flui. Um homem nunca se torna uma ou “a” autoridade. Ele é, simplesmente, um canal através do qual a autoridade sobrenatural é transmitida. Estamos, agora, num tempo de preparação e treinamento. Algum dia, em breve, os filhos de Deus se manifestarão (Rm 8:19). Louvado seja Deus pelos Seus magníficos desígnios.

SOMOS REALMENTE SUBMISSOS?

Nos capítulos anteriores, discutimos sobre como Deus usa homens como canais de Sua autoridade. Sua vontade é revelada por meio daqueles que são íntimos Dele e abertos a Ele. Esses homens e mulheres, então, são canais da autoridade divina e servem como líderes entre o rebanho. Através desses líderes, o povo de Deus pode ser dirigido pelo Altíssimo e se mover em harmonia com Ele para realizar Seus planos.

Entretanto, este plano maravilhoso só pode funcionar sob uma condição: Para recebermos a verdadeira autoridade espiritual através de alguém, todos nós precisamos ser genuinamente submissos a Deus. Ele deve tornar-Se nosso “cabeça”. Quando nossos joelhos já se inclinaram e a nossa vontade já se dobrou para que realmente estejamos desejosos de obedecer a Deus em qualquer circunstância, somos capazes de ouvir Sua voz falando por meio de outros.

Se, por outro lado, estamos, lá no fundo, resistentes à direção de Deus (especialmente se ela contradiz à nossa), ou se não estamos desejando de verdade conhecer a vontade de Deus, toda prática de autoridade espiritual será em vão. Quando as pessoas não podem, ou não querem, submeter-se a Deus e ouvi-Lo sozinhas, certamente não vão submeter-se a outros falando a elas com autoridade espiritual.

Isto é igualmente verdadeiro se somos um daqueles irmãos ou irmãs que não conseguem ouvir ninguém. Há muitos cristãos que fazem parte dessa categoria. Eles simplesmente não conseguem ser humildes o bastante para receber coisa alguma através de outro homem. É um insulto ao seu orgulho. Imaginam que Deus falará tudo, diretamente, a eles “através do Espírito”, sem precisar usar ninguém mais.

Portanto, a ideia de receber instrução ou direção de um outro parece-lhes o caminho errado e estão, constantemente, resistindo a qualquer colocação que outro irmão possa ter sobre suas vidas. Eles são irmãos rebeldes que, embora possam ter a aparência superficial de cristandade, não estão muito abertos à liderança de Deus.

Isto, meus queridos irmãos e irmãs, não é uma pequena consideração. Na verdade, é de suma importância. Por que Deus instituiu a autoridade governamental na Terra? Porque a humanidade não estava disposta a obedecê-Lo diretamente. Por que ele permitiu que Israel tivesse um rei? Porque o povo não queria segui-Lo (1 Sm 8:7). E por que temos, hoje, tanta autoridade humana e terrena dentro da Igreja de Deus?

É, pelo menos em parte, o resultado da rebeldia dos crentes que se recusaram a corresponder com a verdadeira autoridade espiritual. O uso de autoridade humana é uma alavanca frequentemente usada por aqueles que estão tentando edificar a Casa de Deus para tentar, de certa forma, subjugar outros para aquilo que eles percebem ser a vontade de Deus.

Quando recusamos o falar interior de Deus, alguns pensam que a única opção disponível é o controle externo. Se não somos suscetíveis ao Espírito Santo, imagina-se que devemos ser subjugados pelas leis e regras terrenas.

Esta é uma verdade muito importante. A menos que todos nós cheguemos ao ponto de sermos completamente submissos a Deus, não estaremos sensíveis à vontade do Senhor, nem submissos à autoridade espiritual transmitida por Ele.

Na ausência disso, só seremos dirigidos por regulamentos superficiais, “princípios do Novo Testamento”, “normas espirituais” e líderes terrenos. Deste modo, talvez até possamos produzir algo que, aparentemente, seja um grupo ou igreja metódica e disciplinada, mas faltará um ingrediente essencial: A verdadeira submissão ao Senhor. Sem esse ingrediente, o resto é simplesmente inútil.

O SENHOR DE TODOS

Quando conduzimos pessoas ao Senhor, ou quando nós mesmos aceitamos a Cristo, precisamos afirmar uma verdade, que é negligenciada com frequência. Quando recebemos a Jesus Cristo, precisamos recebê-Lo por causa de quem Ele é. E quem é Ele? Ele é o Senhor. É o “cabeça” do corpo. Ele não é apenas o Salvador, mas também o Senhor. Resumindo, Ele é a autoridade absoluta no Universo.

Portanto, se não estamos, de alguma forma, dispostos a submeter cada aspecto de nosso ser ao Seu controle, estamos apenas fazendo jogo com Deus. Somos hipócritas. Nós O honramos com nossas palavras, mas nosso coração não é realmente Dele.

Já que estamos falando sobre submissão a Jesus, queremos afirmar: Ele deve ter permissão para controlar nossas ações, nossas palavras, nossos pensamentos, nossos sentimentos, nossas opiniões, nossos desejos e qualquer outro aspecto de nossas vidas. Isso não significa que, de vez em quando, vamos fazer algumas coisinhas que a Bíblia manda e deixar de fazer algumas outras, porque são “contra as regras”. Não está em vista esse tipo de submissão tão superficial.

Todo cristão deve, mais cedo ou mais tarde, chegar a um ponto onde possa tomar a decisão de abrir cada canto de seu coração para Jesus e dar-Lhe o controle completo de si. Isso não é uma opção. É uma parte essencial do verdadeiro Cristianismo. Se não fizermos isso, não iremos a lugar algum, espiritualmente. Deus nunca fará algo dentro de nós contra a nossa vontade. Consequentemente, qualquer resistência em nós contra Sua autoridade, nos manterá distantes do progresso espiritual.

O crescimento espiritual não tem como acontecer em um crente resistente. Eu, pessoalmente, conheci alguém (não sou eu) que se converteu, mas nunca realmente abriu seu coração para o controle e inspeção de Deus. Por mais de 30 longos anos, Deus chamava e aquela pessoa resistia à ideia de abrir-se por completo ao Seu Espírito.

Então, miraculosamente, chegou o dia em que Jesus começou a conquistar aquele Seu filho. A resistência começou a desaparecer e uma nova abertura para o Senhor surgiu. Os portões se abriram e os muros caíram para render-se completamente ao Senhor Jesus Cristo.

Que mudança! Que crescimento espiritual maravilhoso e novo! Aquela total entrega a Deus trouxe um capítulo inteiramente novo para a vida daquele indivíduo. Um real progresso espiritual começou. Aleluia! Nunca é tarde demais para realmente abrir sua vida para Jesus, deixando-O assumir total controle. Este é o início do verdadeiro Cristianismo.

Por falar nisso, se você não está crescendo espiritualmente ou se está cercado, ano após ano, pelos mesmos problemas, pecados e fraquezas, essa pode ser a razão. Você ainda não abriu completamente o seu ser para Deus. Está secretamente resistindo e recusando-se a permitir-Lhe acesso a cada parte de seu coração e de sua vida. Não deseja que certos aspectos de sua natureza ou de seu passado sejam expostos e tratados.

A solução é fazer isso hoje, sinceramente, pela fé. Fazer de todo nosso ser um sacrifício vivo. Entregar-se, sem reservas, a Ele e submeter-se completamente ao Seu controle. Ele é capaz de salvar por completo aqueles que vêm até Ele (Hb 7:25).

Jesus deve ser nosso “cabeça” não somente na teoria, mas na prática, também. As Escrituras nos ensinam que temos a mente de Cristo (1 Co 2:16). Esta é uma doutrina magnífica. Infelizmente, para alguns, não passa disso. Em sua existência, no dia-a-dia, suas mentes estão cheias de seus próprios pensamentos com, talvez, uma eventual inserção da vontade de Deus no processo.

Entretanto, esse ensino maravilhoso deve ser experimentado por todos nós. Os crentes podem experimentar, de verdade, o Espírito de Deus controlando sua maneira de pensar. Seus pensamentos e opiniões podem ser os mesmos de Deus através da entrega do controle de sua mente a Ele.

O verdadeiro Cristianismo ocorre quando o próprio Jesus está no controle total de nossas vidas. Qualquer outra coisa não passa de imitação. O desejo de Deus de governar e reinar através de nós só pode ser realizado quando somos submissos à Sua autoridade. Seus planos frutificam em nós somente quando entregamos cada área de nossa vida a Ele.

COBERTURAS PARA AS CABEÇAS

Em 1 Coríntios capítulo 11, encontramos o que veio a ser um assunto controverso em círculos cristãos: a cobertura das cabeças. Aqui, Paulo está ensinando sobre o uso de véus, chapéus, ou alguma forma de “cobertura” para os cristãos durante as reuniões da igreja.

Baseados em sua própria interpretação dessa passagem, alguns creem que é essencial as mulheres usarem uma cobertura física em encontros públicos. Outros pensam que os cabelos longos das mulheres são a “cobertura” sobre a qual Paulo está falando. Outros ainda raciocinam que esta admoestação é o resultado de uma cultura antiga, que não tem lugar em nossa sociedade, hoje. Essas e outras opiniões resultaram em várias controvérsias na Igreja do Senhor.

Embora muitas pessoas tenham opiniões variadas, creio que a maioria concordará com um ponto-chave. Paulo está ensinando sobre a necessidade da mulher ter uma atitude de submissão em relação ao marido ou, na ausência de um marido, em relação ao pai, ao líder, ou a outro homem que Deus esteja usando para expressar autoridade. A cobertura física, quer a consideremos necessária ou não, é somente um símbolo de uma atitude íntima de coração.

Seguramente, todos concordam que qualquer cobertura (seja ela cabelo ou véu) que não seja acompanhada de uma atitude de submissão é simplesmente um adorno; ou pior, uma hipocrisia. Então, o foco principal do ensinamento é que a “cobertura” é a evidência externa de uma postura interna. É o sinal ou símbolo de que a mulher decidiu submeter-se a um homem e de que esse homem é o “cabeça” dela. Ela está cobrindo sua própria cabeça, seja com cabelos, véus, ou, simplesmente, com uma atitude reverente, submissa, para apontar que uma outra “cabeça” é reconhecida como superior.

DESONRANDO A CRISTO

Com isso em mente, vamos examinar juntos uma outra parte dessa passagem. Paulo ensina que é “Cristo o cabeça de todo homem” (vs. 3). Além disso, ele afirma que um homem orar ou profetizar com sua cabeça coberta desonra seu verdadeiro cabeça. Portanto, quando um homem usa “uma cobertura”, ele desonra a Jesus Cristo (vs. 4). Embora não seja comum, em nossos dias, encontrar homens usando chapéus em reuniões na igreja, há, eu creio, uma lição profunda e séria a ser entendida nesses versículos.

Concluímos que a essência do ensinamento sobre a cobertura para a cabeça é uma atitude de coração. É uma decisão interior da mulher de colocar-se em posição de submissão ao homem. Entretanto, se um homem se coloca nessa posição, está agindo como uma mulher. Quando um homem escolhe submeter a vida dele a um outro homem e confiar nesse homem para guiar sua vida, ele demonstra que reconheceu esse outro homem como seu cabeça; está escolhendo submeter-se a uma autoridade humana. Esse outro homem pode ser chamado de “discipulador”, “pastor”, “guru” ou qualquer outro título. Não importa o nome que damos este indivíduo, ele, de fato, é um outro cabeça.

Essa posição, meus caros irmãos, vai claramente contra a Palavra. De acordo com o ensino de Paulo, essa prática desonra a Cristo. É um insulto a Ele e a Sua função de cabeça de todo homem. Quando um homem coloca outro homem como seu cabeça, ele está declarando que a liderança de Jesus não é adequada. Está colocando sua confiança num líder humano. Sendo assim, mostra que não tem completa confiança em seu cabeça divino e invisível.

Que vergonha isso é para Jesus! Quando homens cujo verdadeiro e único cabeça é Cristo começam a agir como mulheres e colocam-se debaixo da autoridade de outro homem, este é o mais terrível insulto a Deus.

Se, por exemplo, uma mulher fosse mais submissa a outro homem do que a seu marido, adotando uma postura de completa rendição à sua vontade, isto seria o pior tipo de ofensa contra seu marido. É uma declaração de que o marido dela não é suficiente, não é homem o bastante, que não a satisfaz e não é digno de sua confiança.

Da mesma forma, quando homens que deveriam ser submissos a Jesus rendem seus corações e vidas a outro homem, estão declarando para todos que seu Senhor não é suficiente para eles. Isso é, verdadeiramente, uma desonra para Cristo (I Co 11:14).

Embora o uso de chapéus masculinos nas igrejas seja realmente incomum, a prática de estar em submissão a um homem ou a um grupo de homens, ou estar sob a “cobertura” de algum homem, é, na verdade, muito comum. É, de fato, algo que uma parcela significante das igrejas cristãs insiste em fazer.

Eles dizem que, se você não está “em submissão”, está fora da vontade de Deus. Se não está “sob a cobertura” de algum outro homem ou ministro, deve ser um rebelde do pior tipo. Expressões como “andar debaixo”, “estar coberto” e “recebendo direção” são extremamente populares na Igreja de hoje. A ideia de que, de algum modo, há uma certa segurança em adotar essa posição de submissão é predominante.

Tudo isso está, atualmente, bem popular e talvez tenha um ar de “estar certo”, mas vamos parar e pensar criticamente sobre o assunto, por um minuto. Se uma mulher usa uma cobertura, está afirmando, em público, que está em submissão a um homem. Portanto, se um homem afirma que está em submissão a outro homem, ele, de fato, está “usando” uma cobertura na cabeça. Está tomando uma posição de submissão a outro.

Portanto, esteja um objeto físico (véu) presente ou não, ele está assumindo uma atitude que desonra seu verdadeiro cabeça, Jesus Cristo. Com certeza, está óbvio que, no caso da mulher, o adorno não é o centro do debate, mas sim a atitude do coração. Da mesma forma, no caso do homem, o verdadeiro ponto crucial do ensinamento de Paulo não são os chapéus ou bonés, mas sim a postura interior do homem.

Aqui, a Palavra é bem clara. Se um homem ora ou profetiza (o que significa que está atuando em reuniões na igreja) com sua cabeça coberta, está insultando a Jesus. Está humilhando-se diante de outro homem – e não de Deus – e confiando na direção e supervisão dessa outra pessoa.

Esse homem está indicando que Jesus por Si só não é suficiente. Sua liderança e direção não são adequadas e, por isso, deve-se procurar um ser humano para uma “cobertura” mais adequada. Jesus pode até ser Seu cabeça de um modo “místico e distante”, mas ele está escolhendo um ser humano “real e tangível”, a quem possa se submeter e seguir. Se você fosse o Senhor do Universo e seus filhos agissem deste modo, você não estaria sendo desonrado? A Bíblia diz claramente que sim!

POR QUE ISTO É IMPORTANTE?

Há muitas razões claras do por quê isso é tão importante. A primeira é que Deus criou o homem para cumprir um plano maravilhoso. Se o homem deve ser o representante de Deus, ele deve estar em contato íntimo e em comunicação com Ele diariamente. Quando um outro cabeça ou “cobertura” é colocada entre o cristão e Jesus, isso impede o próprio fluir de autoridade.

Nenhum homem pode transmitir adequadamente o que Deus quer dizer ou fazer. Como todos os homens são finitos, nossa compreensão da vontade de Deus também é limitada. Portanto, é impossível um homem, ou um grupo de homens, chegar perto de expressar a vontade de Deus para outro de uma maneira completa. Um homem colocar-se “debaixo” da autoridade de outro homem interrompe, de forma brusca, o fluir da autoridade do Cabeça para sua vida.

Uma segunda razão para que os homens de Deus não se coloquem “debaixo” de um outro é que não podemos manter nossa atenção focada em duas direções ao mesmo tempo. Ninguém consegue servir a dois senhores. Deus projetou o homem de maneira tal que ele só pode dar sua fidelidade a um superior de cada vez. Esta é uma verdade inalterável.

Quando nos voltamos para o homem, procurando direção, automaticamente tiramos nossa atenção de Jesus. Fazendo isso, colocamo-nos debaixo de uma maldição de Deus. Ele diz: “Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor” (Jr 17:5).

Veja, confiar no homem e separar-se de Deus estão inexoravelmente ligados. Não há uma maneira de olharmos para um líder sem tirarmos os olhos de nosso Senhor. Seria esta a razão pela qual Jesus nos ensinou a não chamar homem algum de “Pai”, “Mestre” ou “Guia” (Mt 23:8-10)? Quando tentamos dividir nossa atenção, a direção mais fácil normalmente vence. Não há dúvida de que é mais fácil seguir a um líder tangível, físico, humano, do que a um Senhor invisível. A tendência natural do ser humano é querer alguém para dirigi-lo.

Essa foi exatamente a situação que Samuel encontrou entre os filhos de Israel. Eles vieram a ele querendo um rei. Consequentemente, Samuel ficou muito preocupado. Tentou, em vão, explicar-lhes o plano de Deus. O Altíssimo já era seu rei. Não necessitavam de um rei humano. Embora seu líder fosse invisível, Ele era muito real.

Entretanto, Israel rejeitou o conselho de Samuel e exigiu um líder físico para reinar sobre ele. Deus realizou seu desejo, mas esta não era a Sua vontade. Do mesmo modo, Deus, hoje, tolera nossos sistemas terrenos e, até mesmo, usa-os para alcançar um pouco de Seus propósitos, mas não é o Seu desígnio.

UM EXERCÍCIO FÚTIL

Uma terceira razão pela qual é errado colocarmo-nos “debaixo” de alguém que ajude nossa vida espiritual é que simplesmente não funciona. Ninguém, além do nosso Deus, vê claramente as profundezas de nossa alma. Os homens podem observar nossas ações externas e nossas palavras. Às vezes, até têm pequenas percepções do que há em nosso coração, mas apenas o Espírito do Senhor perscruta o que está escondido em nosso íntimo.

Portanto, na melhor das hipóteses, o discípulo de uma pessoa só terá um tratamento superficial dos seus pensamentos e das intenções de seu coração. É possível que a pessoa obedeça aos desejos de seus supervisores, mas tenha em seu coração áreas escondidas lá no fundo, nas quais esteja se rebelando fortemente contra o seu verdadeiro Dono.

Além disso, há um grande perigo de tornar-se um fariseu. Sob a liderança de um ser humano, a aparência exterior de uma pessoa talvez seja limpa ou controlada. Ao agradar seu guia, essa pessoa imagina que está tendo um progresso espiritual, ou que está crescendo no Senhor. Quando se torna muito obediente ao seu “discipulador”, pode supor que se tornou madura e que está pronta para o serviço espiritual.

Contudo, se somos submissos a um homem, podemos ser realmente mais submissos a Deus? Houve uma grande mudança em seu interior ou em seu relacionamento com o Senhor? Se não nos entregamos a Deus de verdade antes de nos submetermos a um líder, como as profundezas do nosso coração podem mudar? Devemos nos lembrar de que a meta da autoridade espiritual é fazer com que as pessoas obedeçam a Deus e não aos servos de Deus ou a um padrão superficial.

Por outro lado, quando um crente é verdadeiramente submisso a Deus, ele se submeterá, com alegria, a alguém que esteja falando por Deus. Ouvirá com facilidade a voz de seu Mestre, porque está constantemente em sua busca. Isto se aplica, em especial, àqueles que são conhecidos como canais da autoridade de Deus.

Portanto, se podemos ensinar aos cristãos uma profunda e genuína submissão ao Senhor, todos os problemas de rebelião na Igreja podem ser resolvidos. Em vez de cobrir esses problemas com um curativo feito de atitudes e ações superficiais, a ministração espiritual pode ajudar a expor e eliminar a raiz do mal. Como a Igreja de Deus precisa dessa ministração! Como necessitamos nos tornar genuinamente submissos a Deus!

OUTRO SÉRIO PROBLEMA

Com o passar de muitos anos tentando servir a Cristo, eu tenho notado um sério problema. Homens que têm se submetido a uma liderança humana por um prolongado período de tempo têm visto seu relacionamento com Cristo destruído. O tempo passa e eles realmente perdem sua capacidade de ouvir e seguir a Deus sozinhos. Foram ensinados a confiar no homem e desviaram seus corações de Cristo. Alguns chegaram ao ponto de dizer que não podem se imaginar submetendo-se diretamente a Jesus. Sua confiança em homens afastou-lhes da intimidade com Deus.

Uma razão para essa trágica perda é que eles aprenderam que, se eles recebem alguma direção ou luz do Senhor que não está de acordo com o que a “liderança” crê, serão rotulados como rebeldes. Talvez tenham visto outros sendo rejeitados, lançados fora ou “disciplinados” por tais “crimes” espirituais.

A consequência disso é que eles passam a ter medo ou a desconfiar de sua própria relação com o Senhor. Se podem tão facilmente estar errados, talvez seja melhor manterem-se a uma certa distância de Jesus e deixarem outros, mais “qualificados”, tomarem as decisões. Isto, então, leva esses crentes a distanciarem-se do Salvador e a porem sua confiança no homem.

Sim, eu me lembro dos versículos que falam sobre aqueles que estão “acima” de nós no Senhor. Que terrível tradução da palavra grega PROISTEMI, que significa “andar em frente” ou “liderar”, de acordo com o dicionário de W. E. Vine. Não tem nada a ver com dominação, controle ou estar “sobre”, no sentido comumente entendido. Através dos séculos, os cristãos têm sofrido muito por causa desta má tradução, que leva a conceitos errados.

Também sei sobre o centurião, o homem “sujeito à autoridade” (Mt 8:9). Ele reconheceu a autoridade sobrenatural de Jesus, porque ele próprio tinha autoridade terrena. Entretanto, não estava, de forma alguma, dando uma aula sobre governo eclesiástico, nem deveríamos entender desta maneira.

Claro que devemos ser respeitosos e submissos. É sobre isso que trata este livro! Entretanto, a submissão errada não nos levará a lugar algum. Apenas a verdadeira submissão a Deus funcionará. Que nós possamos buscar em oração a vontade de Deus e a Sua direção para essa importante questão.

ABDICAÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Talvez uma razão real pela qual tantos aceitam a ideia de submeter-se a outro homem é que isso os alivia de muita responsabilidade. Essa é a mesma razão pela qual os antigos israelitas queriam um rei. Eles queriam alguém que lutasse suas batalhas, tomasse as decisões importantes e lhes desse a direção. Deste modo, ficariam livres para correr atrás de suas próprias coisas. Livres da responsabilidade espiritual, poderiam apenas relaxar e curtir.

Agora, há um certo apelo carnal nesta ideia. Confiar num líder respeitável e estar livre de qualquer responsabilidade é o que muita gente deseja. Entretanto, fazer isso é renunciar o sacerdócio e reinado para os quais Deus nos criou. Adotando um outro “cabeça”, rejeitamos o verdadeiro. Cada um de nós tem a responsabilidade diante de Deus, como reis e sacerdotes, de buscar a Sua vontade, interceder diariamente, manter um relacionamento com Ele e estar envolvido na condução de outros para o Seu reino.

Que tentação de querer deixar que outros façam o trabalho duro! Como é fácil apenas confiar nas habilidades de outra pessoa! Deus, no entanto, está pedindo mais do que isso. Cada homem precisa vestir suas vestes sacerdotais e carregar as responsabilidades reais de seu próprio lar, amigos ou irmãos no Senhor.

Irmão, é da vontade de Deus que você reine com Ele! Não troque este privilégio por um caminho mais amplo e fácil. Não deixe outros se colocarem entre você e o seu Salvador. “Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3:11)!

Final do Capítulo 5

Ler outros capitulos online:

Capítulo 1: DOIS TIPOS DE AUTORIDADE

Capítulo 2: A REBELIÃO DE CORÁ

Capítulo 3: A SARÇA ARDENTE

Capítulo 4: A FORMA DE UM SERVO

Capítulo 5: O CABEÇA DE CADA HOMEM (Capítulo Atual)

Capítulo 6: O CABEÇA DO CORPO