Ministério Grão De Trigo

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AUTORIDADE ESPIRITUAL GENUÍNA

O CABEÇA DO CORPO

Capítulo 6

Autoridade Espiritual Genuina, livro por David W. Dyer

Publicacao Grao de Trigo

Escrito por David W. Dyer

ÍNDICE

Capítulo 1: DOIS TIPOS DE AUTORIDADE

Capítulo 2: A REBELIÃO DE CORÁ

Capítulo 3: A SARÇA ARDENTE

Capítulo 4: A FORMA DE UM SERVO

Capítulo 5: O CABEÇA DE CADA HOMEM

Capítulo 6: O CABEÇA DO CORPO (Capítulo Atual)





Capítulo 6: O CABEÇA DO CORPO


Jesus Cristo é o cabeça de Sua Igreja. Ele é Aquele que foi apontado pelo Pai para desempenhar essa importante função. Ele foi escolhido e ungido para ter a primazia sobre todas as atividades de Seu povo. Este é um ensinamento extremamente claro das Escrituras. Colossenses 1:18 afirma com clareza: “E Ele é a cabeça do corpo, da igreja”. Efésios 1:22 explica que Deus Pai O deu à igreja para ser o cabeça sobre todas as coisas. Paulo, o apóstolo, mais adiante, enfatiza o mesmo em Efésios 4:15, afirmando que Jesus é “(...) aquele que é o cabeça, Cristo”. Este fato tremendo é um ensinamento claro e relevante.

Entretanto, ainda que a mensagem seja incontestável, o significado dela frequentemente não é bem compreendido. Que possível aplicação prática essa verdade teria em nosso dia a dia?

Talvez a compreensão comum seja de que Jesus funcione – com a Sua habilidade para “encabeçar” as coisas – como o presidente de uma grande empresa. Provavelmente, Ele está em algum lugar nos bastidores, tomando decisões executivas de alto nível, realizando conferências, de tempos em tempos, com os grandes e importantes líderes e orquestrando o desempenho total à distância.

Não há dúvida de que o “trabalhador” comum O verá nos corredores ocasionalmente, ou mesmo num encontro de toda a congregação. Mas, em geral, Seu trabalho é feito em um nível mais alto, impactando a vida diária daqueles dos mais baixos escalões apenas indiretamente. Esta concepção baseia-se, talvez, no fato de que Jesus ascendeu ao céu. Ele está, na verdade, acima de todas as coisas (Ef 4:10).

Além da noção de que “o cabeça” seja algo, de certa forma, remoto, está o fato de que Ele é invisível. Ele não é percebido ou compreendido pelo homem natural. Estas coisas podem levar muitos à seguinte conclusão errônea: Jesus veio à Terra, morreu pelos nossos pecados e subiu para estar assentado com o Pai. Agora, nosso trabalho é seguir as instruções que Ele nos deixou na Bíblia até que decida voltar e nos recompensar por nossas obras.

Sendo assim, eles esquecem que Jesus está presente, aqui, agora. Por meio do Espírito Santo, Ele está constantemente conosco (Mt 28:20). Claro que é impossível Ele estar fisicamente presente em todo lugar ao mesmo tempo, mas, em Espírito, Ele certamente está presente, com cada um de nós, a todo momento.

O mau entendimento dessa verdade leva as pessoas a uma posição que, talvez, seja a maior deficiência na Igreja, hoje. Pouquíssimos crentes conhecem e experimentam a liderança de Cristo em suas vidas.

A maioria dos cristãos tem pouca dificuldade em pensar em um Salvador, Redentor, Ajudador ou Consolador, porque estas são as funções de Jesus Cristo, às quais o coração humano consegue responder prontamente. É provável que seja um pouco mais difícil entender o conceito de um relacionamento íntimo com um “Senhor” ou um “Rei” que demanda obediência.

É ainda mais remota a ideia de um “cabeça” que afeta diretamente não apenas nossos atos, como também nossas atitudes, pensamentos e sentimentos. Entretanto, se estamos para tomar posse de tudo o que Deus tem para as nossas vidas e nos tornar agradáveis aos Seus olhos, esse relacionamento íntimo de liderança com Ele é essencial.

Talvez a melhor maneira de compreender o verdadeiro significado deste relacionamento seja olhar para o que significa ser o Seu corpo. Nós, povo de Deus, somos o “Corpo de Cristo” (Ef 1:23). A Igreja, como um todo, é “o corpo” e Jesus é “a cabeça”. Os indivíduos, então, são vistos como “membros” ou “partes” desse corpo (Ef 5:30). Deus escolheu explicar-nos as coisas deste jeito, porque é uma analogia perfeita.

Em um corpo humano, todas as partes são controladas pelo cérebro. Nenhum músculo ou órgão funciona por si só, de acordo com sua própria vontade. Nem a cabeça pede opiniões ou ideias às outras partes. O todo trabalha harmoniosamente, enquanto cada parte está em comunhão íntima com o cérebro e em obediência a ele. Desta maneira, o corpo serve para expressar o desejo da cabeça. Os vários músculos e partes do corpo, incluindo a boca e os olhos, respondem à direção do cérebro e formam a expressão daquilo que a cabeça está pensando.

Isso é exatamente o que a Bíblia quer dizer quando afirma que somos Seu corpo e que Ele é a cabeça. Cada um de nós é um membro deste corpo com algum tipo de função para executar. Quando fazemos isso de acordo com os impulsos momentâneos do Cabeça, somos uma expressão Dele.

O Corpo de Cristo não é um autômato, simplesmente seguindo instruções escritas. É um organismo vivo, manifestando a vida dentro dele. É um erro extremamente sério supor que podemos realizar a nossa parte sozinhos. Como podemos expressar a vida de Jesus agindo de forma independente ou apenas tentando seguir uma lista de instruções? É impossível. Nossa parte é permitir que Jesus controle todo o nosso ser de maneira que, quando agimos, ou mesmo quando reagimos, a Sua vida e natureza é que sejam manifestas.

Essa verdade espiritual de sermos o Corpo de Cristo só pode ser experimentada se mantivermos uma intimidade com o Cabeça. Embora seja verdade que todos os cristãos sejam membros do Corpo de Cristo, essa verdade não nos fará bem algum, a menos que experimentemos, dia a dia, sua realidade.

Em um ser humano, quando a cabeça perde o controle sobre seus próprios membros e eles começam a agir independentemente, identificamos o corpo como espasmódico. Ele começa a comportar-se de modo desgovernado, descoordenado, o que é assustador e mesmo horrendo. Quando o corpo de uma pessoa responde às ordens da cabeça com imperfeição, a pessoa é chamada de aleijada. Quão frequentemente o Corpo de Cristo parece estar deste modo?

Vamos imaginar alguém que esteja condenado a um aparelho respiratório ou que esteja completamente paralisado. Os tecidos e órgãos compreendem o que é chamado de “corpo” da pessoa. Entretanto, ele cessou de responder à direção de sua cabeça e, portanto, não é mais uma expressão de si mesmo.

Será possível que o Corpo de Cristo, embora seja Dele, por causa do derramar de Seu próprio sangue, não esteja verdadeiramente respondendo à Sua direção e, portanto, não está demonstrando Sua vida e natureza para o mundo?

Queridos irmãos e irmãs, há sérias considerações a serem feitas. Talvez tenhamos suposto que podemos agir por Deus e isso basta. Contudo, Deus não nos quer agindo no lugar Dele; pelo contrário, Ele deseja grandemente agir por meio de nós. Seu desejo é que nos submetamos a Ele de tal maneira que Ele tenha o controle sobre todo nosso ser e possa nos usar como canais para manifestar-Se. Somente assim, poderemos experimentar o que realmente significa ser Seu corpo.

O que está em debate, aqui, não é “quem é o Corpo de Cristo”. Todos os cristãos fazem, com certeza, parte deste grupo. O “x” da questão é “quem” está movendo este corpo. Quem está no controle? Que vida e natureza estão emanando de cada membro? Talvez nós, como cristãos, nos confortemos com o fato de que nos tornamos membros do Corpo de Cristo. Estamos seguros em nossa “membresia” e acreditamos que isso seja o suficiente. Entretanto, agora vemos que este fato não é suficiente para cumprirmos a vontade de Deus e satisfazermos Seus desejos.

Não há dúvida de que Jesus quer que Seu corpo seja uma expressão de Si mesmo. Devemos ser Suas testemunhas não apenas falando a Seu respeito, mas também refletindo-O, de verdade. Deus nos chamou e nos redimiu para juntos sermos a manifestação de tudo o que Ele é. Sua vida e natureza, que foram, tão clara e poderosamente retratados quando Jesus andou pela Terra, devem agora ser mostradas através daqueles a quem chama de corpo.

O desejo de Deus é manifestar-Se para o mundo. Ele deseja ardentemente que todos os homens possam vê-Lo e conhecê-Lo. Esta responsabilidade foi colocada sobre aqueles que compõem Seu corpo. No entanto, isso nunca pode acontecer por nossos próprios esforços. Não podemos tentar imitar a Deus e supor que isso será o suficiente para convencer o mundo do pecado.

Também não basta simplesmente seguir uma série de regras ou princípios bíblicos. A única saída é submetermos à Sua liderança de modo a sermos inundados pela Sua vida e movidos pela Sua direção.

Quando Ele vive por meio de nós, somos uma exibição de Quem Ele é. Quando estamos meramente tentando viver por Ele, inevitavelmente só podemos expressar nosso próprio conceito de como Ele é. Verdadeira justiça, paz, alegria, vitória sobre o pecado e todas as coisas que compreendem uma real manifestação da natureza de Deus só são possíveis quando Ele é, de fato, o nosso cabeça.

Como precisamos desta experiência hoje! É essencial que a liderança de Cristo seja muito mais do que uma bela doutrina para nós. Precisamos experimentar a realidade dessa liderança para sermos agradáveis a Deus. Nosso Pai Celestial é, em alguns aspectos, uma pessoa muito minuciosa. Há apenas uma coisa no Universo que verdadeiramente O agrada: Seu Filho. Quando Ele vê Seu Filho manifestado por meio de nós, Ele se agrada muito.

Nada além disso irá satisfazê-Lo. Se dizemos que somos Dele e que queremos fazer Sua vontade, esse é o caminho: Permitir que Seu Filho Jesus Cristo domine nossa personalidade e seja nosso cabeça. Quando Ele é Aquele que inicia nossas palavras, atitudes e atividades, então – somente então – agradaremos ao Pai.

A Bíblia diz que temos “a mente de Cristo” (1 Co 2:16). Infelizmente, para muitos, isso não passa de um ensino agradável que não causa um impacto real nem influencia suas vidas. Não faz parte de sua experiência diária. Possivelmente, suas mentes são, pelo contrário, dominadas por suas próprias ideias, pensamentos e opiniões.

Há também, nas Escrituras algo chamado de “renovação da mente” (Rm 12:2). Aqui, lemos que podemos ser transformados por este processo e que o resultado será “a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Que empolgante! Aqui está o caminho para sermos transformados e para agradarmos a Deus.

E como isso acontece? Simplesmente permitindo que o Espírito Santo de Deus domine nosso processo cerebral. Se rendermos nossa mente totalmente a Ele, podemos ter Jesus como nosso Cabeça. É isso o que as Escrituras dizem: “vos renoveis no espírito do vosso entendimento” (Ef 4:23). Isso fala do Espírito Santo preenchendo, transformando e, então, usando nossas mentes para expressá-Lo em toda Sua plenitude. Esta é, verdadeiramente, uma salvação maravilhosa.

Como você pode ver, ter Jesus como nosso cabeça é muito mais do que obedecer às Suas direções ocasionais ou a algum mandamento da Bíblia. É submeter todo nosso ser ao Seu controle. Quando Jesus domina nossa mente, Ele nos controla inteiramente. Através desse processo de transformação, nós, individual e corporativamente, nos tornaremos uma expressão viva Dele – Seu corpo.

CABEÇA DO CORPO

Jesus não pretende ser apenas o cabeça de cada indivíduo. Ele também é o cabeça da Igreja como um todo. Então, o que isso significa? Significa que, quando nos reunimos em Seu nome, não estamos livres para fazer nossas próprias coisas. O Senhor não está ansioso para ficar sentado no último banco, assistindo aos nossos rituais religiosos, sendo entretido. Sua intenção é ser o líder de tudo o que fazemos. Para que a Igreja, Seu corpo, seja uma expressão Dele, Ele deve estar no comando de nossas reuniões.

Pense nisso por um momento. Se não seguimos a liderança do Santo Espírito a cada momento de nossas reuniões, não estamos expressando Jesus Cristo. Se, apenas ocasionalmente, abrimos-Lhe espaço para mover-Se como deseja, estamos manifestando-O de uma maneira muito limitada.

Isso, então, nos leva de volta à nossa analogia de um deficiente, espasmódico ou paralítico. Embora sejamos a Igreja do Senhor em um sentido posicional, nossa vivência nesse aspecto, frequentemente, deixa a desejar. Embora nunca deixemos de ser Seu corpo, a verdadeira Igreja que Jesus está procurando nunca poderá ser real, enquanto Ele tiver somente uma pequena influência sobre ela.

O próprio Jesus explicou essa verdade à mulher samaritana que encontrou no poço de Jacó. Ela estava curiosa a respeito do lugar apropriado para adoração. Naturalmente, queria resolver o velho dilema sobre qual seria o local correto ou a fórmula certa para agradar a Deus. Por diversas vezes, nós também nos preocupamos com qual formato é o mais adequado às Escrituras, que método é o melhor ou que dia foi o escolhido pelo Senhor para que possamos nos reunir.

Com certeza absoluta, podemos ver como tudo que é terreno, humano ou superficial não tem importância alguma para cumprirmos a vontade do Pai. Jesus respondeu a ela, dizendo que a verdadeira adoração só pode ocorrer no Espírito.

Isso significa que, apenas quando o Espírito de Deus está fluindo e dirigindo nosso louvor e todos os nossos cultos, o Pai está satisfeito. Como precisamos experimentar essa adoração, hoje! Como nosso Pai Celestial quer que cumpramos a Sua vontade!

Como, então, devemos nos reunir? Esta é uma questão que deve ser decidida ouvindo a direção do Espírito Santo. “Como”, “quando” e “onde” são questões que Ele responde, se estivermos preparados para ouvi-Lo. Entretanto, primeiro precisamos esvaziar-nos de nossas próprias ideias e opiniões. Precisamos libertar-nos de tradições e práticas religiosas. Apenas copiar o que outros têm feito por séculos, não nos capacita a chegar ao melhor de Deus. Na verdade, fazer isso garantirá que não chegaremos.

Por que confiamos tão pouco em Deus para nos liderar e nos guiar nessas coisas tão simples e práticas? Como Aquele que mantém o Universo unido pelo Seu poder pode ser incapaz de dirigir Seu povo em suas reuniões? Precisamos nos humilhar diante de Deus e abrir nossos corações a Ele. Precisamos nos arrepender de fazermos nossa própria vontade, achando que isso irá satisfazê-Lo. Ele pode edificar Sua Igreja e, vai fazê-lo, se apenas O deixarmos ser o cabeça de tudo.

Sem dúvida, o Senhor nos guiará, falando através daqueles que são íntimos Dele. Se verdadeiramente tivermos ouvidos para ouvir Sua voz, Ele nos guiará a cada passo na prática. Ele pode nos guiar na procura do melhor local para os cultos. O tamanho do espaço físico é uma das considerações. Será que Ele nos levou a arrumar algo especial para as crianças? Será que Ele mesmo instituiu um coral? E a arrumação das cadeiras? Será que ouvimos Dele?

Talvez você pense que essas coisas são insignificantes demais para buscar Sua atenção. De jeito nenhum! A Bíblia diz que, em todas as coisas, Ele deve ter a primazia (Cl 1:18). Além disso, devemos sempre estar prontos, como estavam os Filhos de Israel no deserto, para mudar qualquer coisa a qualquer hora. Conforme o corpo cresce ou outras considerações surgem, Jesus pode e irá nos dirigir diariamente nestes detalhes. Deste modo, começamos a providenciar para Ele um lugar onde Ele possa fazer Sua obra.

ENCONTROS DIRIGIDOS PELO ESPÍRITO

Uma vez que ouvimos de Deus a respeito de questões práticas sobre como e onde devemos nos encontrar, podemos pensar no que acontecerá durante a reunião. Isso também deve ser aberto à direção do Espírito Santo. Na Bíblia, lemos que, quando nos reunimos, deve haver canções, hinos, revelações, línguas ou interpretação (1 Co 14:26). Também lemos que todos podem profetizar de acordo com a direção do Espírito (1 Co 14:31).

Quando estamos reunidos, o próprio Jesus está em nosso meio. Ele vem não como um espectador, mas como um líder. Ele pode motivar (e assim o faz) cada membro do corpo a contribuir com sua porção Dele de uma maneira ordenada e coerente. Já que cada membro esteve em comunhão íntima com Jesus durante a semana, muitos deles terão algo recente para compartilhar como resultado disso.

Toda essa atividade é guiada pelo Espírito Santo e supervisionada por aqueles que são canais de autoridade espiritual por causa de sua intimidade com Deus. Obviamente, todos têm que ter liberdade de compartilhar, ministrar, etc. No entanto, este não é um tipo de liberdade fora de controle, e sim uma demonstração do Corpo de Cristo sendo orquestrado pelo Espírito Santo. Desta forma, Cristo pode Se manifestar em Seu corpo. Deste modo, “cada junta” suprirá os outros com sua porção Dele (Ef 4:16). Assim, todos crescerão juntos, como Deus quer que cresçam.

O ensino, a pregação e a exortação, com certeza, têm lugar em um encontro dirigido pelo Espírito. Aliás, Deus pode nos levar a agendar encontros especiais apenas com estes propósitos. Tempo para oração, ministração especial aos novos convertidos, sessões de ensino intensivo, campanhas evangelísticas – todas essas coisas podem ser organizadas pelo nosso Cabeça se estivermos atentos e abertos para Ele.

Deus é capaz de guiar Seu povo. Ele é capaz de edificar Sua Igreja. Precisamos apenas esvaziar nossas mãos de nossos próprios planos e programas e nos humilharmos diante Dele. Jesus pode nos dar a experiência de sermos a Igreja Dele verdadeiramente.

Entretanto, temos colocado nossas próprias ideias, intenções e desejos no lugar da verdadeira liderança com tanta frequência! Por exemplo, suponhamos que haja uma necessidade entre os jovens. Geralmente, nosso primeiro impulso é encontrar algum tipo de programa para eles e, então, escolher alguém para tomar conta. Este método, entretanto, nunca alcançará uma verdadeira meta espiritual.

O que aconteceria se, em vez disso, nós passássemos algum tempo em oração, abrindo-nos para Deus e buscando a Sua solução? Talvez Ele levantasse alguém com um dom especial e unção para ministrar a esses jovens. Então, em vez de um programa, teríamos uma ministração espiritual operando na igreja. Teríamos alguém com a verdadeira unção e responsabilidade para ocupar este ministério.

Isto é o que realmente necessitamos. Não precisamos mais de entretenimento, programas e grupos de apoio na congregação. Precisamos da presença do Santo Espírito! Precisamos do próprio Deus! Se O procurarmos de todo o nosso coração, encontraremos uma experiência de igreja nova e viva que satisfará profundamente não apenas as nossas expectativas, mas também as de Deus.

RESERVADA PARA O CABEÇA

Conforme você pode, sem dúvida, perceber pela presente discussão, toda autoridade na Igreja está reservada para o Cabeça. Não há lugar para nenhum outro. Qualquer outra autoridade irá simplesmente substituir ou estancar o fluir da autoridade de Jesus. A menos que a “liderança” na igreja seja somente uma manifestação da própria autoridade de Deus, ela impedirá o processo, em vez de ajudar.

Queridos amigos, esta é uma consideração muito séria. O corpo de Jesus é Dele! Nós não somos livres para criar algum tipo de imitação. Não podemos estabelecer nenhum outro tipo de autoridade em nossos encontros, além daquela que o Pai já instituiu. Precisamos permitir que Jesus seja o nosso Cabeça. Somente assim, poderemos experimentar a realidade da Igreja e satisfazer os requisitos de Deus. Somente deste modo, o corpo poderá crescer e ministrar a si mesmo, conforme os desígnios de Deus.

Talvez, agora, o leitor possa mais facilmente compreender a grande necessidade da autoridade espiritual genuína na Igreja de hoje. Também torna-se mais claro que a autoridade meramente humana nunca poderá atingir os objetivos de Deus. Somente quando o cabeça está estimulando Seu corpo, que Sua vida e Sua natureza se manifestam. Quando um outro alguém está no controle, não importa o quão bem intencionado ele esteja, o resultado nunca será uma manifestação de Deus.

Portanto, este é o princípio inalterável da liderança. No Corpo de Cristo não pode haver nenhuma outra autoridade, nenhum outro cabeça. Quando colocamos outro nesta posição, contaminamos a expressão de Jesus, introduzindo um elemento humano e estranho na Igreja de Deus.

O QUE QUER DIZER “ANTICRISTO”

Talvez agora seja um bom momento para discutir o significado da palavra “anticristo”. É interessante notar que um dos principais significados do prefixo “anti”, no grego, é “em vez de” ou “em lugar de”. Isto então nos leva a uma nova compreensão da palavra “anticristo”. Pode ser que estejamos acostumados a pensar que um anticristo é alguém contra Cristo ou oposto a Ele. Aqui, entretanto, vemos que simplesmente tomar Seu lugar como verdadeira autoridade e Cabeça também significa ser “anticristo”. Qualquer um que esteja tomando o lugar de Jesus na congregação está cumprindo o papel de anticristo.

Portanto, nas reuniões da igreja, o lugar dos líderes poderia ser melhor compreendido como um tipo de supervisor. Aqueles que são maduros e íntimos de Deus supervisionam os procedimentos. A propósito, a Bíblia usa a palavra “supervisores” para indicar essa função. Aqueles que são menos maduros são livres para exercer seus dons e habilidades porque há membros mais maduros que podem gentilmente corrigir qualquer problema.

A verdadeira liderança espiritual pode ser exercida de um modo muito discreto. Uma simples palavra ou oração na hora apropriada, falada pela direção do Espírito Santo, pode trazer a reunião de volta de algum desvio que possa ter ocorrido. Aqueles que desejavam dominar a reunião com suas ideias e opiniões podem ser, cuidadosamente, admoestados.

Os líderes estão presentes não para controlar ou usar as reuniões como um tribunal para seus próprios ministérios, mas para servir ao corpo, cuidando para que tudo seja feito de acordo com a direção do Cabeça.

Naturalmente, nenhuma reunião será perfeita. Haverá sempre alguém orando ou testificando de seu próprio coração. Um líder que tenha sido verdadeiramente quebrantado pelo Espírito Santo saberá de Deus quando é necessário dizer ou fazer alguma coisa ou quando o Senhor vai simplesmente permitir que uma imperfeição não seja corrigida.

Todos nós temos imperfeições em nossas vidas e somente Deus sabe a hora e o lugar para que estas deficiências sejam tratadas. Verdadeira sabedoria é resultado da experiência e maturidade. Talvez seja por isso que as Escrituras usem a palavra “anciãos” para descrever tais supervisores.

Notem que Paulo exorta para que nenhum novato exerça essa função (1 Tm 3:6). Há uma grande necessidade de paciência, clemência e amor forjando o caráter de alguém que é canal para a autoridade divina. Se o caráter de Deus não é refletido naqueles que estão liderando, a manifestação de Deus será contaminada por personalidades naturais.

Tal “supervisão” na igreja é uma responsabilidade terrível. Não é algo que alguém deva tentar tomar sobre si. Há uma grande tentação para os homens jovens, possuidores de dons, imaginar que estejam qualificados para liderar a igreja. Eles ouvem a Deus. São dotados e ungidos por Ele e, portanto, supõem que estejam aptos a serem líderes!

Entretanto, nada pode substituir o quebrantamento e os anos de experiência sob a mão de Deus. Aqueles que são “líderes” serão julgados por Deus pelo seu trabalho, como qualquer um de nós será. Se tomamos sobre nós mesmos o manto de autoridade e dirigimos a Igreja de Deus de acordo com a iniciativa de nosso próprio coração, seremos mostrados como tolos na frente de todos e vistos como irresponsáveis perante o Juiz de todas as coisas.

Uma outra consideração importante é que aqueles que são canais da autoridade de Deus e funcionam como supervisores devem ter um relacionamento íntimo com os outros. Eles devem ser unidos por Deus no Espírito. Isso requer um desejo de abrir seus corações uns para os outros, para ter-se uma transparência divina. Eles devem ter a unidade que a Bíblia descreve como “um o coração e a alma” (At 4:32).

Sendo assim, eles podem agir juntos como se fossem um, ao exercer a autoridade divina. Se houver qualquer desunião ou desacordo entre os “líderes”, será um desastre para o rebanho. Se os que estão na liderança não podem, ou não querem, agir em harmonia um com o outro no Senhor, resultará num fracasso e o testemunho de Jesus será perdido. É impossível preservar a autoridade do Espírito Santo quando há desconfiança, desarmonia e discussão entre os líderes.

UM PONTO DE PARTIDA

Este é um ponto de partida essencial para quando se começa a pensar nas reuniões. No mínimo dois ou três homens que o Senhor preparou e escolheu devem vir juntos com algum tipo de concordância nesses princípios. Essa espécie de unidade estabelecida entre os “supervisores” é absolutamente imperativa como ponto de partida.

Se isso não estiver bem definido, o resultado será pura confusão. Outras pessoas vão tentar entrar e assumir o controle. “Autoridade” de todas as direções se manifestarão, exceto a autoridade de Deus. E a “supervisão” fraca e dividida, não será capaz de lidar com isso de acordo com a direção do Senhor.

Estes primeiros poucos irmãos não devem somente concordar uns com os outros em sua visão acerca do que Deus quer; eles devem permitir que Ele os “costure juntos” em amor. Devem ter gasto alguns anos juntos permitindo que o Espírito Santo os traga para dentro da Sua unidade.

Quando vivemos na presença de Deus, mais cedo ou mais tarde nossos pecados, falhas e fraquezas vão aparecer. Aqueles com quem temos comunhão vão notar essas coisas. Todos nós devemos, conforme vemos os defeitos dos outros, aprender a lidar com essas coisas em amor. Devemos perdoar. Devemos nos suportar. Devemos reagir com paciência, doçura, gentileza e todas as outras qualidades da natureza de Jesus.

Quando aqueles que são mais maduros veem as falhas dos outros e aprendem a lidar com elas no amor de Cristo, formam uma espécie de alicerce, ou base, para uma igreja local. Quando o diabo não tiver mais munição para acusá-los, ou levá-los a acusar uns aos outros e, finalmente, dividi-los, algo sólido e eterno fora estabelecido. Estes cristãos, agora, estão prontos para que Deus acrescente muito mais. Sua experiência de unidade resistirá a qualquer coisa que o futuro possa trazer.

É relativamente fácil supor que, como Jesus não deseja qualquer liderança posicional “oficial”, não exista lugar para nenhum tipo de liderança. Alguns crentes imaturos, quando começam a entender um pouco dessas verdades espirituais, começam a rejeitar toda e qualquer forma de autoridade, mesmo que ela proceda do Espírito Santo. Este é um sério erro.

Ao longo dos anos, tenho visto muitos grupos, principalmente pequenos grupos caseiros, nesta condição. Eles escorregam para dentro e para fora da vontade de Deus. A cada semana há uma aposta se o encontro vai estar cheio da presença do Senhor ou não. O que precisamos desesperadamente hoje não é da “ausência de liderança”, mas sim da verdadeira liderança de Jesus.

Isso seria supervisionado por aqueles que são preparados por Deus. Somente a “liderança plural” (mais do que uma pessoa), unida e espiritual resultará em um encontro cristão com a manifestação do próprio Deus.

Por que o Cristianismo parece ser tão fraco? Por que a vida de tantos crentes ainda está cheia de escravidão e pecado? Por que temos tão pouco efeito sobre o mundo à nossa volta? A igreja primitiva, em 30 ou 40 anos, “virou o mundo de cabeça para baixo” (At 17:6). Em nossos dias, no entanto, com todo o dinheiro e material à nossa disposição, em comparação ao passado pouco está sendo feito.

Ora, não estou dizendo que não há muita atividade. Certamente há. Entretanto, o impacto dessas atividades parece estranhamente menor que o de dois mil anos atrás. Deus mudou? Claro que não! Sejamos honestos e admitamos que algo parece estar diferente. Talvez seja válido pararmos e considerarmos se há alguma parte do plano de Deus que perdemos, o qual poderia estar impedindo Seu poder e Sua vontade.

UM TEMPLO VIVO

A Bíblia nos ensina que somos, tanto individual como corporativamente, o Templo de Deus. Somos ensinados que o próprio Senhor mora ali. O que poderia ser mais poderoso ou eficaz que a presença do Todo-Poderoso? O que poderia transformar vidas mais do que um encontro face a face com o próprio Jesus?

Por um momento, sejamos completamente honestos. Deus realmente mora entre nós? É a palpável presença do próprio Senhor a principal característica de nossas reuniões? A temível majestade e glória de Deus são as principais atrações para nós e para os outros? Ele reside permanentemente entre nós ou é um simples visitante ocasional? Essa “doutrina do templo” é nossa experiência diária, ou apenas mais um destes agradáveis ensinamentos bíblicos que parecem belos, mas têm muito pouco espaço em nossos cultos e em nosso dia a dia?

Creio que a grande necessidade de nossos dias é que o Cabeça, Jesus Cristo, seja restabelecido em Seu legítimo lugar em Seu corpo. Por um tempo longo demais, protestantes e católicos têm substituído a verdadeira liderança do Santo Espírito por fórmulas e formas, ritos e cerimônias. Temos colocado simples homens no lugar de Deus, supondo que isso possa produzir os resultados que Ele busca e que nós necessitamos tão desesperadamente.

Como precisamos de um grande arrependimento! Como precisamos nos converter de nossos próprios caminhos e nos humilhar! Como precisamos admitir que temos barrado os desejos de Deus e ainda O culpamos pela falta de resultados que almejamos para nossa própria glória e prazer!

Vamos ser aqueles que anunciam o Rei. Estejamos entre os primeiros a submeterem-se a Ele como nosso verdadeiro cabeça e a permitir-Lhe manifestar-Se entre nós. Como precisamos satisfazer Sua vontade para que Ele possa ser tudo em todos! Jesus é o Cabeça. Ele é Aquele que pode guiar e preencher Seu corpo se Lhe dermos a oportunidade.

Nossa experiência de igreja – a qual, se formos honestos, tem sido fraca até agora e, na melhor das hipóteses, apenas parcialmente eficaz – pode ser transformada em uma poderosa manifestação da presença de Deus. Tudo o que precisamos fazer é nos submetermos a Ele. Temos apenas que nos esvaziar daquilo que tem substituído Sua liderança e permitir que Ele nos guie em todas as coisas. Deste modo, o próprio Deus estará conosco. Sua presença impregnará nossas reuniões e nossas vidas diárias. Sua glória encherá Seu templo.

Está claro que Deus não habitará em um templo feito por mãos humanas (At 7:48). Se o que temos feito é um produto de nosso próprio esforço, Deus nunca habitará nele nem o abençoará. Por outro lado, quando, humildemente, cooperamos com Ele na edificação de Sua Igreja, Ele a encherá com Sua presença, Seu poder, Sua glória e majestade. Isso pode e deve ser nossa experiência diária!

Final do Capítulo 6

Ler outros capitulos online:

Capítulo 1: DOIS TIPOS DE AUTORIDADE

Capítulo 2: A REBELIÃO DE CORÁ

Capítulo 3: A SARÇA ARDENTE

Capítulo 4: A FORMA DE UM SERVO

Capítulo 5: O CABEÇA DE CADA HOMEM

Capítulo 6: O CABEÇA DO CORPO (Capítulo Atual)