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De Glória em Glória

O TRIBUNAL DE CRISTO

Capítulo 7

De Glória em Glória, livro por David W. Dyer

Publicacao Grão de Trigo

Escrito por David W. Dyer

ÍNDICE

Capítulo 1: O AMOR DE DEUS

Capítulo 2: A OFERTA DA VIDA

Capítulo 3: AS DUAS ÁRVORES

Capítulo 4: AS DUAS NATUREZAS

Capítulo 5: A SENTENÇA DA MORTE

Capítulo 6: A SALVAÇÃO DA ALMA

Capítulo 7: O TRIBUNAL DE CRISTO (Capítulo Atual)

Capítulo 8: MONTANHAS E VALES

Capítulo 9: O SANGUE DA ALIANÇA

Capítulo 10: DIVIDINDO ALMA E ESPÍRITO (1)

Capítulo 11: DIVIDINDO ALMA E ESPÍRITO (2)

Capítulo 12: PELA GRAÇA, ATRAVÉS DA FÉ

Capítulo 13: A IMAGEM DO INVISÍVEL

Capítulo 14: A ESPERANÇA DA GLÓRIA

Capítulo 7: O TRIBUNAL DE CRISTO


No cristianismo de hoje há, geralmente, duas escolas de pensamento referentes ao assunto “salvação”. Um grupo de cristãos acredita que você pode “perder” a sua salvação. Os que assim crêem pensam que você pode ser “salvo” ou nascido de novo e, então, mais tarde, por causa do pecado, perder sua salvação.

Muitos deles também acreditam que você pode ser “salvo” novamente, se você se arrepender de novo. Este processo pode se repetir inúmeras vezes. Este ponto de vista foi defendido muitos anos atrás por um homem chamado Jacobus Armínius, formando uma parte do que é conhecido por “Arminianismo”. Essa doutrina normalmente é mantida pelas igrejas Pentecostais ou “Carismáticas”.

A segunda escola de pensamento sobre o assunto da “salvação” é aquela em que, uma vez que você nasceu de novo você é “salvo”, e nada que você ou qualquer outro possa fazer, mudará este fato. Se você pecar ou se você abandonar a fé, nada disso terá qualquer impacto sobre a sua segurança eterna. Eles acreditam que você não pode “perder” a sua salvação. Uma vez que recebeu Jesus, você vai para o céu e ponto final. Este ponto de vista foi exposto por João Calvino e, assim, formou-se uma parte do “Calvinismo”. Esta é a posição da maioria das igrejas “fundamentalistas”.

Interessante, ambos os lados mostram versículos bíblicos muito significantes e convincentes para comprovar sua tese. Cada lado cita versículos que parecem provar o que eles ensinam.

Entretanto, vimos no capítulo precedente que cada lado deste debate está cometendo um erro fundamental. Estão discutindo seu ponto de vista considerando que “salvação” é o mesmo que “nascer de novo”. Eles citam os versículos deles, interpretando salvação como se fosse um evento. Não perceberam que a “salvação” bíblica não é apenas o novo nascimento, mas, sim, um longo processo de uma vida transformada, de glória em glória, à imagem de Jesus Cristo.

(Se você tem alguma dúvida sobre isso, por favor, leia o capítulo anterior sobre a “salvação da alma”, para uma explicação mais completa sobre este assunto.)

Quando você lê a Bíblia com isto em mente, muitos versículos fazem muito mais sentido. Muita confusão é resolvida simplesmente pelo fato de compreender que “salvação” é mais do que um evento de um tempo único, mas sim um processo pelo qual nós somos transformados.

Conforme estamos vendo, ambos os pontos de vista acima mostrados, não acertaram em algo muito importante. Mas também precisamos ver que ambos contém uma boa dose de verdade, quando olhamos para eles sob a luz apropriada. Todas as Escrituras usadas por ambos os lados são verdadeiras. Deus não cometeu enganos, quando escreveu Sua santa Palavra.

Para melhor compreender isto, por favor preste cuidadosa atenção às seguintes afirmações. A parte da salvação que você já recebeu de Deus é verdadeiramente eterna e você não a pode perder. Mas, no outro lado, a salvação que você ainda não experimentou, você com certeza, perderá se não se esforçar para experimentá-la. Você vê, as duas coisas podem ser (e são) verdadeiras. Você não pode perder e, entretanto, você pode perder a sua salvação.

O problema é que as pessoas definiram “salvação” simplesmente como “ser nascido de novo” mas, na Bíblia e na mente de Deus, há muito mais do que isto. A salvação bíblica é o trabalho completo de Deus no homem e para o homem, começando com a sua experiência do novo nascimento, continuando com a transformação da alma e acabando com a glorificação do corpo.

O que você ganhou da Vida eterna (ZOÊ) é verdadeiramente eterno. Por definição, “o que é Deus” é absolutamente indestrutível. Se você permitiu ao Eterno que entrasse em seu espírito e se uniu a Ele (1 Co 6:17), não há maneira de perder ou destruir este fato.

Qualquer tipo de vida só pode ser perdida de uma maneira. Ela não é como um líquido que se evapora ou vaza de nós. Em todo o Universo, Deus nos mostra que só há um meio de acabar com qualquer tipo de vida: matá-la. Mas, como você vê, a Vida de Deus é impossível de matar. Os judeus e os soldados romanos tentaram, mas foi impossível para a morte retê-Lo (At 2:24).

Deus não vai simplesmente desaparecer de você. O que foi saturado e permeado com Sua Vida e Natureza Divina, tornou-se eterno e absolutamente indestrutível. A palavra “eterna” significa exatamente isto, eterna.

Mas, por outro lado, se não permitimos a Deus que nos encha e nos transforme, muita coisa que não é indestrutível permanecerá em nosso ser. Se nos recusamos a permitir que o Espírito Santo acesse a todas as partes de nossa alma, se resistimos ao trabalho e à disciplina de Deus em nós, esta velha parte natural se perderá, quando Jesus voltar, e o nosso tempo de transformação acabar.

Então, o que ganhamos será nosso, mas o que não ganhamos estará perdido, já que não haverá segunda oportunidade para recebê-lo. Qualquer “parte” de nossa vida velha da alma não transformada será perdida na presença de Deus! Naquele momento, a possibilidade de mais salvação terá acabado.

Esta compreensão corresponde exatamente ao ensinamento de Jesus quando Ele estava na Terra. Ele claramente dizia: “Aquele que salvar sua vida, perdê-la-á” (Mt 16:25 e também Mt 10:39, Lc 9:24, 17:33, Jo 12:25). A palavra traduzida por “vida” aqui é PSUCHÊ, ou “vida da alma”.

É significante que este verso esteja escrito cinco vezes na Bíblia. Nada poderia ser mais claro. Se você ama a si mesmo e resiste à transformação, ao trabalho purificador do Espírito Santo dentro de você, então, a vida natural da alma será perdida.

Isto não se refere à sua vida física. Não significa morte física. Não está falando sobre ser um mártir. Isto se refere à sua alma. De fato, algumas traduções dizem: “Aquele que salva a sua alma, perdê-la-á.” Os elementos naturais, pecaminosos, que permanecem em nosso ser, serão consumidos pela presença de um Deus intensamente Santo, em Sua vinda. Eles estarão perdidos. É uma das promessas de Deus! Considere-a como sendo verdadeira.

A TERRA PROMETIDA

Para ilustrar melhor este ponto, vamos voltar aos Filhos de Israel e à Terra Prometida, Canaã. Deus deu a eles aquela terra. Deu-lhes livremente, sem custo. Ele definiu os limites, anteriormente, mostrando o comprimento e a largura e a extensão da terra que eles herdariam (Nm 34:3-12).

Entretanto, havia uma condição. Este povo tinha que, dia a dia, passo a passo, de acordo com a direção do Espírito Santo, entrar na terra e tomar posse dela. Os israelistas não podiam simplesmente sentar-se no lado leste do Rio Jordão e proclamar que eram proprietários da terra. Eles não poderiam apenas estar no lado leste louvando e agradecendo a Deus por este grande presente que Ele havia lhes dado. Para realmente obtê-la, através da fé e da obediência, eles tinham que entrar e possuí-la.

O mesmo ocorre hoje para nós com relação às nossas almas. Jesus explica: “É na vossa perseverança que ganhareis as vossas almas” (Lc 21:19). É essencial para cada filho de Deus conhecer e compreender esta verdade. Para “ganhar” – que significa experimentar a salvação progressiva de nossas almas – precisamos perseverar em buscar Deus com todo o nosso coração.

Verdadeiramente, Jesus Cristo comprou para cada crente uma salvação completa. Sua morte na cruz foi suficiente para nos transformar de um degrau de glória para outro, até a Sua exata imagem. Ele derrotou o pecado, a morte e o poder do diabo. Todo o Seu trabalho foi feito. Na cruz, Ele afirmou: “Está consumado” (Jo 19:30).

Entretanto, ainda resta uma parcela para nós fazermos. Precisamos, pela fé e obediência, entrar e tomar posse daquilo que Ele gratuitamente nos deu. Não nos fará bem algum simplesmente louvar e agradecer a Deus por Seu presente, se não fizermos nenhum progresso espiritual.

Essas não são promessas para “algum dia” futuro. Hoje é o dia da salvação (2 Co 6:2). Hoje é o dia para nos tornarmos co-participantes da natureza divina. Hoje é o tempo de buscarmos Jesus com todo de nosso coração. Nosso Deus deu “...as suas grandiosas e preciosas promessas, para que por elas vocês se tornassem participantes da natureza divina...” (2 Pe 1:4 NVI).

Queridos irmãos, uma porta grande está aberta para nós. Nós temos diante de nós um tesouro enorme. Temos a possibilidade de participar de tudo o que Deus é! Ele nos deu até Sua própria Vida e natureza divina. Que dom valioso, importante e essencial! Nós temos diante de nós uma boa terra, vamos entrar e possuí-la!

Se, por outro lado, não estamos desejosos de encarar o inimigo, lutar as batalhas, confrontar os gigantes de nossas vidas e manifestar a vitória de Jesus, nós não obteremos o que é nosso por direito. Não vamos ser bem sucedidos em receber o que está disponível para nós. Se não progredimos em obediência e fé, não vamos herdar o que é nosso por direito.

O que aconteceu com os filhos de Israel, serve como exemplo para nós. Mesmo que Deus já tivesse dado a eles seu território, eles nunca tinham entrado e possuído completamente a terra. Falharam em obedecer a Deus e, através do medo e da desobediência, falharam em entrar completamente na promessa. Aquilo que eles ganharam, receberam, mas o que não conquistaram, foi perdido para eles. Do mesmo modo, hoje, se não ganhamos o que Jesus comprou para nós através da nossa fé e obediência, vamos perdê-lo. Se não prosseguimos em ser salvos completamente, hoje, a oportunidade vai passar e vamos perder nossa chance de ganhar espiritualmente.

Para nós, não há uma segunda chance. Não há segundo tempo. Mais tarde não haverá uma transformação mágica da alma. Se não nos submetemos a Cristo hoje, em preenchermos nossa alma com Ele até transbordarmos, será tarde demais quando Ele voltar.

O que nós experimentamos é nosso. O que nós obtemos é eterno. Mas o que não conquistamos estará perdido para nós a menos que nos arrependamos e forcemos a entrada na terra, hoje. A bíblia nos previne: “Temamos, portanto, que, sendo-nos deixada a promessa de entrar no descanso de Deus, suceda parecer que algum de vós tenha falhado” (Hb 4:1). Vamos temer mesmo em não obter tudo que Jesus comprou para nós!

TRANSFORMAÇÃO INSTANTÂNEA?

Pelo que posso perceber, a maioria dos cristãos acredita em algum grau de transformação. Isto é, eles acreditam que podem ser transformados de um modo ou de outro, pela obra do Espírito Santo. Muitos admitem a necessidade de serem libertos de alguns pecados visíveis, mais “grosseiros”. Alguns até falam de uma santidade maior.

Entretanto, muitos crentes na igreja atual, parecem pensar que este processo é opcional ou que não é realmente essencial. Alguns crêem que, não importa o estado em que se encontra o nosso ser interior ou a nossa alma. Eles pensam que, quando o Senhor voltar, todos os problemas serão resolvidos e todas as tendências e hábitos pecaminosos mudarão “num momento, num abrir e fechar de olhos” (1 Co 15:52).

Embora poucos admitam, isto pode levar a uma atitude semelhante a esta: “Bem, realmente não importa se não sou completamente santo. Não faz mal se ainda sou ‘um pouco’ invejoso, sensual, mentiroso, irado, ganancioso, fofoqueiro, ciumento, etc. Quando Jesus voltar, tudo isto vai mudar instantaneamente. Então, porque vou me preocupar com minha condição agora? Afinal de contas, todos os outros parecem estar cheios de pecado, também. Deus me perdoa. Por que eu deveria querer ser santo agora se vou conseguir isto mais tarde, sem muito esforço?” Embora alguns ensinem que ainda existe uma questão de “recompensa”, este fato não parece motivar muitos em nossa sociedade atual.

Mas, certamente, alguns perguntarão: “Que tal ser transformado em um piscar de olhos?” Este é um versículo maravilhoso, mas não está se referindo à nossa alma. Se você ler o contexto, perceberá que está falando sobre nossos corpos. Verdadeiramente, nossos corpos serão transformados instantaneamente para serem como Jesus. Eles serão glorificados imediatamente quando Jesus vier. Mas, com referência à alma, as Escrituras são bem claras, “...eis, agora, o dia da salvação” (2 Co 6:2).

Não acontecerá nenhuma transformação de nossa alma depois da morte. Quando morremos, o tempo acaba. Nossa chance de ganhar, para. O que ganhamos vai ser nosso, mas o que falhamos em obter estará perdido para nós. Só resta o julgamento sobre o que fizemos com nosso tempo, energia e dinheiro quando estávamos aqui na terra.

Isto deveria fazer sentido para uma pessoa que pensa bem. Por que Paulo, por exemplo, deveria “morrer diariamente”,“negar-se a si mesmo”, “prosseguir para o alvo”, “disciplinar seu corpo” e todas estas coisas, se tudo o que ele tinha a fazer era esperar pelo dia mágico em que seria transformado subitamente, para ser como Jesus? Se tudo é tão facil e barato, por que devemos nos preocupar com isso hoje?

Eu até mesmo ouvi cristãos ensinarem que eles têm uma “mais profunda revelação” do que Paulo e que não precisariam absolutamente sofrer. Este tipo de tolice irá parar rapidamente quando Jesus aparecer em poder e glória. Estes que estão ensinando estas bobagens começarão a orar para as rochas e montanhas caírem sobre eles e escondê-los da intensa e abrasadora presença do Deus Todo Poderoso (Ap 6:16). “E assim, conhecendo o temor do Senhor, persuadimos os homens...”(2 Co 5:11).

Com isto em mente, vamos agora investigar mais profundamente o que a Palavra de Deus diz sobre este assunto. Sabemos, sem dúvida, que quando Jesus voltar nós estaremos diante de Seu Trono de Julgamento (2 Co 5: 10) e que receberemos galardão por tudo o que fizemos. Naquele “dia”, nossas obras serão “reveladas pelo fogo”. Se nossas obras passarem no teste, receberemos uma “recompensa”, mas se nossas obras forem imperfeitas, elas serão queimadas (1 Co 3:12-15).

TODAVIA, COMO QUE ATRAVÉS DO FOGO

Mas agora, vamos olhar mais atentamente para o verso 15. Lemos que a pessoa cujas obras foram perdidas, na verdade foi “...salvo, todavia como que através do fogo” (1 Co 3:15). Assim, vemos que, não apenas nossas obras passarão pelo fogo, mas nós também seremos testados pelas chamas! Nós também passaremos através o fogo!

Que fogo é este? Nada menos que a presença de Deus! Lemos: “Porque o nosso Deus é um fogo consumidor” (Hb 12:29). Naquele momento, a abrasadora intensidade daquilo que Ele é analisará e testará os conteúdos daquilo que nós somos. Este é o verdadeiro teste. Se o que somos interiormente é puro – isto é, cheio da Vida, da natureza e da essência de Deus – passaremos. Nada poderá destruir isto. Já foi feito eterno.

Se, ao contrário, somos cheios da velha vida e da velha natureza, esta parte de nossa alma será consumida por Sua flamejante presença. Lembre-se de que Ele não é apenas um fogo, mas um fogo consumidor. Sem dúvida, o que vai ser consumido diante de Seu Trono é algo que não é santo, nem reto, nem puro – tudo que não corresponda àquilo que Ele é. De fato, se você parar para pensar, isto deve ser assim. Obviamente, nada que não seja santo pode agüentar a presença de Deus.

Deus deve eliminar todo pecado de Seu povo. Quando Deus criou o mundo de Adão e Eva, criou-o sem pecado. Entretanto, apenas um pecado, apenas um, destruiu para sempre toda a criação que Ele havia feito. Do mesmo modo, se a vida e a natureza pecaminosa têm permissão para entrar na nova criação de Deus, cedo ou tarde ela produzirá pecado. E este novo pecado irá poluir para sempre a nova criação. É óbvio portanto, quando Ele chegar, se ainda estivermos cheios de nossa própria vida caída, algo deverá ser feito. Alguma coisa tem que ser removida.

Lemos: “Os pecadores em Sião se assombram, o tremor se apodera dos ímpios; e eles perguntam: ‘Quem dentre nós habitará com o fogo devorador? Quem dentre nós habitará em chamas eternas?’ ” A resposta é dada: “O que anda em justiça e fala o que é reto; o que despreza o ganho da opressão; o que com um gesto de mãos recusa aceitar suborno; o que tapa os ouvidos para não ouvir falar de homicídios e fecha os olhos para não ver o mal” (Is 33:14-15) Isto indica pessoas justas, aquelas que estão cheias de Deus, permitindo-Lhe que viva Sua Vida por meio deles.

No livro de Apocalipse somos apresentados a um espetáculo surpreendente. Vemos um grupo de homens e mulheres parados num mar de vidro mesclado de fogo (Ap 15:2). Eles estão em pé no centro de um flamejante inferno. Mas que lugar é este? De fato, é o pavimento transparente bem em frente ao trono de Deus (Veja Êx 24:10 e Ez 28:14). Eles estão na presença real de Deus. E, nesta presença terrível, é como se tudo estivesse queimando como fogo.

Entretanto, essas pessoas especiais estão confortáveis lá. Elas não são afetadas pelas chamas. Na verdade, elas estão em adoração, cantando a canção de Moisés na presença do Deus Todo Poderoso. Elas são imunes ao Fogo Consumidor porque estão cheias da mesma Vida e natureza do que Ele é. São cristãos transformados em tudo o que Ele é. Então as chamas não têm nenhum efeito sobre eles. Lembre-se também dos três amigos do profeta Daniel que foram atirados na fornalha ardente. Eles eram pessoas santas. Haviam dado suas vidas completamente a Deus. Portanto, pela graça de Deus, não foram tocados pelas chamas. Estas coisas ainda falam a nós, hoje.

O BATISMO DE FOGO

João Batista declarou: “Eu, na verdade, vos batizo com água, mas vem o que é mais poderoso do que eu, do qual eu não sou digno de desatar as correias das sandálias; Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Lc 3:16). Aqui, vemos um estranho pronunciamento. João diz que o Filho de Deus, Jesus Cristo, o Salvador do mundo, está chagando, e, quando Ele chegar, Ele batizará homens e mulheres com fogo.

Qual é o significado deste fogo? Por que Deus iria querer derramar fogo do céu sobre aqueles que crêem Nele? Deus deseja purificar Seus filhos. Ele não só deseja selecionar entre os homens aqueles que crerão, mas também deseja transformá-los e purificá-los de maneira que, quando aparecerem diante Dele, serão completamente santos.

Creio que este batismo de fogo é o mesmo que o fogo refinador mencionado em outras passagens das Escrituras (Veja Ml 3:2,3, Zc 13:9) o qual é intensamente quente, incandescente jazida de carvão. É este tipo de fogo, que um joalheiro de ouro e prata usa para expurgar todas as impurezas dos metais com os quais está trabalhando. Do mesmo jeito, Deus nos está batizando com fogo para nos limpar, nos purificar e nos deixar prontos para o Seu aparecimento.

Jesus disse: “Eu vim para lançar fogo sobre a Terra e bem quisera que já estivesse a arder (Lc 12:49). Não há dúvidas de que Deus deseja purificar Seus filhos. Ele não apenas deseja salvá-los daquilo que eles fizeram, mas também daquilo que eles são. Ele quer purificá-los interiormente, de maneira que eles tenham a mesma natureza e substância Dele.

Efésios 5:27 diz: “...para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito”. Tal coisa requer o batismo de fogo. Não apenas precisamos ser batizados com o Espírito Santo para nos enchermos da glória e do poder de Deus, mas também precisamos ser batizados com fogo – aquela chama interior, purificadora, refinadora, que nos queima, nos transforma, e nos faz ser como Ele.

Você vê, todo crente experimentará o fogo de Deus hoje e no futuro. Se passamos bastante tempo em Sua presença, isto acontecerá agora, porque verdadeiramente Ele é um “fogo consumidor”. Entretanto, se evitamos contato íntimo com Ele, então esta experiência essencial será reservada para o futuro, quando não haverá possibilidade de ganhos.

O fogo de Deus é algo pelo qual devemos passar hoje se desejarmos e estivermos prontos. Isto irá nos preparar para o fogo de Sua presença no futuro. Se permitirmos que Ele faça agora em nós o trabalho purificador, não teremos nada a temer quando Ele voltar. Se permitirmos a Ele revelar e purificar (ou seja “salvar”) completamente nossa alma, então seremos transformados como a madeira petrificada do capítulo anterior e, portanto, imune a qualquer fogo posterior.

A questão aqui não é de “céu ou inferno”. O que estamos vendo aqui é que há algumas sérias “perdas” para os cristãos despreparados. É a perda da parte não transformada da alma ou da vida PSUCHÊ. Esta é uma destruição irrevogável de toda a vida natural com a natureza pecadora.

É claro que a maioria dos crentes terá atingido pelo menos algum grau de crescimento espiritual. Quer dizer, uma certa dose de transformação sobrenatural irá ocorrer e alguma quantidade de substância eterna terá sido depositada. Esta “parte” não vai ser queimada, pois é imune ao fogo. Cada parte da alma que foi transformada irá permanecer. O que foi saturado e permeado com a Vida de Deus é, por definição, eterno. O que nós ganhamos, certamente foi ganho para todo o sempre, mas a velha vida e a velha natureza serão perdidas.

Então, uma questão razoável deveria ser: “Qual é o resultado final de tal julgamento?” “Como este afeta um crente?” Está claro que todo crente que estiver diante do Tribunal de Cristo terá ao menos “alguma coisa” salva, apesar de qualquer perda (1 Co 3:15). No mínimo, será o espírito humano que nasceu de novo e se uniu ao Espírito de Deus. Apoiando esta ideia, Paulo fala sobre alguém que deveria ser “...entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no dia do Senhor” (1 Co 5:5). Se a alma está destruída, pelo menos o espírito será salvo.

MATURIDADE ESPIRITUAL

Mas, como isto nos afetará? Como podemos entender estas coisas? Em vários lugares nas Escrituras, lemos sobre níveis ou estágios de crescimento espiritual (Veja Ef 4:15, 1 Pe 2:2, 2 Pe 3:18 e 1 Jo 2:12-14). Lemos sobre: “bebês em Cristo”, “jovens” e mesmo “pais”, assim indicando níveis de maturidade. Creio que estas coisas não são apenas figuras de linguagem, mas se referem a realidades espirituais. Portanto, é lógico supor que o grau de maturidade espiritual que nós atingimos nesta vida, pela obediência fiel ao Espírito Santo, será nossa condição eterna, quando Jesus vier.

Em outras palavras, se permanecermos “bebês” em Cristo, seremos bebês eternamente. Se nós nos esforçamos para obter alguma maturidade, este será o nosso estado eterno. Todo o resto será perdido e queimado pela Sua presença. Se, por outro lado, nos empenhamos para conhecer o Senhor e conseguir algum grau de espiritualidade adulta, seremos para sempre gratos e sofreremos pouco se houver alguma perda em Sua vinda.

Queridos irmãos e irmãs, esta é a nossa recompensa. Não vamos receber ouro ou prata ou recompensa de qualquer outro material físico na eternidade. O próprio Deus é a nossa recompensa. Ele disse a Abraão: “Eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão” (Gn 15:1 VRC). Ele será nossa única recompensa. Você compreende isto? Em Sua presença nada mais tem valor. Ele é Aquele em quem nos regozijaremos extremamente.

O salmista nitidamente declara: “...na Sua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Sl 16:11). Creia! É verdade. Ele é e será nossa recompensa. Mas pense nisto também: a capacidade de cada um aproveitar esta maravilhosa experiência será governada por sua maturidade. Nossa maturidade espiritual nos capacita experimentar mais profundamente tudo que Deus é.

Isto é exatamente o que acontece nesta vida atual. Eu me lembro de ter ido a um evento esportivo com meus filhos e uma outra família grande. Todos se divertiram, mas nem todos tiveram a mesma experiência. As crianças pequenas gostaram de rastejar ao redor de seus assentos, encontrando coisas interessantes. As crianças um pouco mais velhas se divertiram jogando e brincando umas com as outras. Os jovens e os adultos realmente se divertiram observando o jogo.

Veja você, na eternidade todos irão deleitar-se em Deus, mas a recompensa de cada um se baseará em sua maturidade espiritual. Esta maturidade espiritual caminha lado a lado com as “obras” deles, as obras que eles fizeram quando estavam, aqui, na Terra.

Você sabia que todos os crentes estarão com o Senhor para sempre, mas não serão todos iguais? A maturidade espiritual, da qual falamos se manifestará em glória esplendorosa, radiante. Daniel 12:3 diz: “Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento...como as estrelas, para sempre.” Cada um terá uma certa quantidade desta glória. Cada um irá brilhar com o seu próprio grau de brilho, dependendo do seu grau de fé e transformação.

Lembrando que os versículos originais no Grego não eram separados em versos numerados, vamos ler em 1 Coríntios 15:41,42 “...porque até entre estrela e estrela há diferenças de esplendor. Pois assim também é a ressurreição dos mortos”. O que se recebe de Cristo, hoje, será revelado em resplendor quando Ele vier. Na eternidade, cada um exibirá um diferente grau de glória.

Pode ser que estes pensamentos sejam novos para você ou que os ache algo surpreendentes. Portanto, gostaria de recomendar a você para não simplesmente reagir a isto emocionalmente.

Procure as Escrituras por você mesmo. Ore sobre estas coisas. Reveja estes pensamentos, após algum tempo. Creio que Deus lhe dará graça para ver que “salvação” inclui mais coisas do que se pensava no passado. Há mais da divina revelação da Palavra de Deus do que tem sido pregado. Verdadeiramente, precisamos nos esforçar para conhecer o Senhor e dar nossa atenção a coisas espirituais para que jamais nos desviemos delas (Hb 2:1).

O QUE DIZER SOBRE PERFEIÇÃO?

Indubitavelmente alguns perguntarão: “Que dizer sobre perfeição? É possível para um cristão se tornar perfeito? Será que, quando Jesus vier, alguns não sofrerão perda alguma?” Para responder a estas questões, precisamos olhar atentamente para o que as Escrituras têm a dizer. Não podemos olhar ao nosso redor e julgar a resposta pela condição de outros. Nem podemos olhar para nós mesmos para decidir o que está correto. Nossa resposta precisa vir da Palavra de Deus, que sabemos ser a verdade. 1 Tessalonissenses 5:23 diz: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.”

Paulo, aqui, está pronunciando um tipo de intercessão – uma oração por estes cristãos que ele ama. E, orando deste modo, ele mostra que tem fé que, se eles forem fiéis a Deus, Deus também será fiel para realizar este trabalho completo dentro deles.

Podemos pensar sobre isto deste modo: Se a morte, ressurreição e ascensão de Cristo não foram poderosas o bastante para nos transformar completamente, então temos que pedir a Ele para voltar e completar o trabalho. Se tudo o que Ele cumpriu na cruz só foi bom o bastante para nos mudar parcialmente, então precisamos começar imediatamente um movimento de oração internacional e pedir a Ele que, por favor, volte e faça o necessário para completar a obra.

Negar o poder de Deus para transformar cada ser humano completamente é negar que o Seu trabalho foi suficiente. Este não é o caso. Na verdade, “Está consumado” (Jo 19:30)! De Sua parte, Jesus fez todo o necessário para nossa transformação e santificação. De nossa parte, apenas precisamos continuar a buscar Sua face até o dia de Sua vinda. Podemos confiar que: “Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7:25).

Este era, de fato, o objetivo de Paulo. Ele diz: “Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição, mas eu prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus” (Fl 3:12). Você percebe: Paulo viu algo. Ele havia visto o Senhor glorioso, ressuscitado, e estava concentrado, com todo o seu ser, em alcançar a perfeição que ele havia visto. Ele não apenas estava perseguindo isto, mas também estava se consumindo em ajudar outros que chegassem também à mesma condição.

Em Colossenses 1:28,29 lemos: “...o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo; para isto é que eu também me afadigo, esforçando-me o máximo possível, segundo a Sua eficácia que opera eficientemente em mim”.

O próprio Jesus nos exorta: “Sede vós perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celeste” (Mt 5:48). Este é o padrão, a perfeição do próprio Deus. Em um lado, nós vimos que os esforços da carne nunca poderão atingir esta imponente meta, mas no outro lado, vimos que isto é possível e se realiza simplesmente por receber uma Outra Vida e viver por ela.

Devemos ser cuidadosos em não tomar como exemplo as falhas e pecados dos que nos rodeiam, mas o próprio Deus. Paulo repreende plenamente este tipo de erro, dizendo: “...mas eles, medindo-se consigo mesmos e comparando-se consigo mesmos, revelam insensatez” (2 Co 10:12). Se miramos em nada, acertaremos este alvo: nada.

Infelizmente, é verdade que vemos muito poucos cristãos vivendo uma vida livre de pecados e exibindo a Vida sobrenatural. Tristemente, a maioria dos crentes não está tomando posse de tudo que Deus tem para eles. Talvez uma razão para isto seja que eles não sabem que existe uma possibilidade de se tornarem perfeitos. Além do novo nascimento, eles não têm noção de que há algo mais para ser ganho ou perdido. Verdadeiramente, Deus disse: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento” (Os 4:6). Há certamente uma grande escuridão cobrindo a Igreja dos nossos dias. Enquanto isso, muitos pensam que eles são a geração mais espiritualmente erudita, mesmo que a verdade mais essencial sobre a salvação da alma esteja incompleta ou mal compreendida.

Vamos ser muito claros, aqui: não estou ensinando “perfeição sem pecado” – o pensamento de que poderíamos chegar a algum lugar nesta vida onde nunca pecaríamos. Um fator que torna isto impossível é que nós ainda temos um corpo caído. Este corpo é um “corpo do pecado” (Rm 6:6). Ele tem apetites naturais, carnais. O desejo de alimentos, conforto, prazer, sexo e muitas outras coisas, estarão sempre conosco, enquanto estivermos neste corpo. Este corpo só se transformará quando Jesus voltar.

É por isto que Paulo ensina que devemos exercitar domínio espiritual sobre o nosso corpo. Ele diz: “Mas esmurro o meu corpo e faço dele meu escravo...” (1 Co 9:27). Também lemos que ele almejava se livrar deste corpo pecador e receber um outro corpo puro e celestial (2 Co 5:2-4). Isto é porque, quanto mais ele se tornava puro interiormente e se enchia com a Vida de Deus, mais ele julgava este corpo terreno indigno de conter esta preciosa substância. O corpo pecador se tornou, cada vez mais, um peso demasiado cansativo.

Queridos irmãos e irmãs, a salvação da alma é verdadeiramente um assunto sério. As conseqüências do que estivemos discutindo aqui são eternas. Não há tempo a perder. Não haverá nenhuma segunda chance. Portanto, precisamos estar encorajando uns aos outros, mais e mais, à medida que vemos o dia se aproximando (Hb 10:25). Pela graça e misericórdia de Deus, que nós não estejamos entre “...os que retrocedem para a perdição [destruição]”, mas entre daqueles que têm fé “para a [completa] conservação da alma” (Hb 10:39).

Final do Capítulo 7

Ler outros capitulos online:

Capítulo 1: THE LOVE OF GOD

Capítulo 2: A OFERTA DA VIDA

Capítulo 3: AS DUAS ÁRVORES

Capítulo 4: AS DUAS NATUREZAS

Capítulo 5: A SENTENÇA DA MORTE

Capítulo 6: A SALVAÇÃO DA ALMA

Capítulo 7: O TRIBUNAL DE CRISTO (Capítulo Atual)

Capítulo 8: MONTANHAS E VALES

Capítulo 9: O SANGUE DA ALIANÇA

Capítulo 10: DIVIDINDO ALMA E ESPÍRITO (1)

Capítulo 11: DIVIDINDO ALMA E ESPÍRITO (2)

Capítulo 12: PELA GRAÇA, ATRAVÉS DA FÉ

Capítulo 13: A IMAGEM DO INVISÍVEL

Capítulo 14: A ESPERANÇA DA GLÓRIA