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De Glória em Glória

O SANGUE DA ALIANÇA

Capítulo 9

De Glória em Glória, livro por David W. Dyer

Publicacao Grão de Trigo

Escrito por David W. Dyer

ÍNDICE

Capítulo 1: O AMOR DE DEUS

Capítulo 2: A OFERTA DA VIDA

Capítulo 3: AS DUAS ÁRVORES

Capítulo 4: AS DUAS NATUREZAS

Capítulo 5: A SENTENÇA DA MORTE

Capítulo 6: A SALVAÇÃO DA ALMA

Capítulo 7: O TRIBUNAL DE CRISTO

Capítulo 8: MONTANHAS E VALES

Capítulo 9: O SANGUE DA ALIANÇA (Capítulo Atual)

Capítulo 10: DIVIDINDO ALMA E ESPÍRITO (1)

Capítulo 11: DIVIDINDO ALMA E ESPÍRITO (2)

Capítulo 12: PELA GRAÇA, ATRAVÉS DA FÉ

Capítulo 13: A IMAGEM DO INVISÍVEL

Capítulo 14: A ESPERANÇA DA GLÓRIA

Capítulo 9: O SANGUE DA ALIANÇA


Antes de Deus criar este mundo e tudo o que nele há, Ele tinha em Seu coração um plano maravilhoso. No centro exato de Seus desígnios, Ele tinha em mente a formação de uma noiva, com a qual poderia Se unir em santa intimidade, com a qual Ele poderia entrar em uma aliança de casamento.

Entretanto, em Sua grande sabedoria, Ele sabia que isto só poderia se realizar com grande dificuldade. Esta mulher celestial de Seu desejo só poderia chegar à perfeição necessária para entrar nesta união matrimonial através de grande dificuldades e tribulação. Ela deveria conhecer o pecado e o rejeitar.

Nós compreendemos este fato, porque o Cordeiro de Deus foi “morto desde a fundação do mundo” (Ap 13:8). Assim, Deus sabia e compreendia a necessidade da queda e da redenção do homem, mesmo antes Dele haver começado Suas maravilhosas obras.

Veja você, Deus poderia simplesmente ter criado uma noiva para Si, perfeita e bonita, em todos os aspectos. Mas os resultados de tal criação já eram evidentes. Nosso Senhor já havia feito um ser extremamente poderoso e bonito, alguém que era imaculado em todos os aspectos. É do anjo Lúcifer que estamos falando, aqui. Entretanto, este ser perfeito nunca havia conhecido o pecado. Assim, com o passar do tempo, ele começou a pensar, sonhar e imaginar como poderia ser tão grande quanto Deus. Ele tomou a decisão de pecar contra Aquele que o fez e, dessa forma, o seu reinado tornou-se de trevas e iniquidade.

Nosso Deus precisa ter uma companheira eterna em quem Ele possa confiar. Não deve nunca chegar um tempo em que ela possa ser tentada pelo pecado e voltar-se contra Ele. Assim, em Sua infinita misericórdia, nosso Deus permitiu aos homens e mulheres que irão tornar-se Sua noiva, que passem pela experiência do pecado. Deu-lhes uma escolha livre, desde o começo, e permitiu-lhes conhecer a escuridão e a depravação do pecado.

Também são conhecidos do Seu povo os resultados da rebelião contra Ele. Então, a noiva de Cristo está vindo para a sua posição de glória e eminência, pela direção oposta de Lúcifer. Ele foi criado perfeito e depois caiu. A noiva, tendo nascido no pecado e tendo sido redimida por seu Criador, deve diariamente escolher rejeitar o pecado.

Passo a passo, dia após dia, os filhos de Deus entendem mais e mais o quão desagradável é o pecado e como são repugnantes os resultados dele. Deste modo, a noiva de Cristo provou a rebeldia e escolheu a completa submissão a Ele. Ela conheceu o pecado e, no entanto, procurou santidade, de todo o seu coração. Quando o profundamente sábio trabalho de Deus com ela terminar, ela nunca mais será atraída pelo pecado.

Deus fez todo o Seu trabalho conhecendo o alto preço que teria que pagar. Permitir aos homens e mulheres o acesso ao pecado certamente resultaria em que eles o experimentassem. Portanto, isto iria provocar não só o grande sofrimento deles, mas também a necessidade da morte de Seu próprio Filho.

Conseguir a noiva, a eterna companheira que Ele desejava, requeria que Ele pagasse o preço mais alto. O que era mais precioso para Ele, teria que ser sacrificado: Seu sangue derramado no chão para que os supremos propósitos pudessem ser cumpridos. O contrato de casamento teve o mais alto custo possível: o sangue da Aliança.

No Jardim do Éden, pouco depois do pecado de Adão e Eva, Deus veio visitá-los. Ele viu e sabia tudo o que eles tinham feito. Haviam desobedecido e se rebelado contra Ele. A nudez estava exposta. Ali, o Criador começou a ensiná-los sobre o preço do pecado. Ele começou revelando o grande custo requerido para resolver o problema. Para cobrir aquela nudez, Deus teve que matar uma criatura inocente, possivelmente um cordeiro, e fazer roupas para eles. O sangue derramado de um inocente cobriu o resultado do pecado deles, a nudez.

Não há dúvida que essa ação foi repugnante para Deus. Ele não desejava matar coisa alguma, especialmente uma daquelas novas criaturas que fizera. Deus não tem prazer em assassinato e morte, mesmo na morte dos perversos (Ez 33:1). Entretanto, a situação pedia uma morte. Sua lição era clara para Adão e Eva: o pecado só podia ser coberto pela morte.

Não há dúvida de que esta ação de Deus deve ter sido extremamente assustadora para Adão e Eva. Até aquele momento, não existia morte. Nenhum animal tinha morrido antes. Todos os animais eram seus amigos. Conheciam todos eles e, provavelmente, estiveram cuidando deles no jardim. Possivelmente, eles tinham até dado nomes às estes animais. Aquele pequeno animal felpudo, não havia feito nada errado. Entretanto, por causa da rebeldia deles, sua morte havia sido necessária. Esta ação deve ter causado um impacto profundo no primeiro casal do mundo. Eles começaram a entender o preço do pecado.

Mais tarde, quando Deus deu a Lei a Moisés, esta mesma necessidade foi expressa. Frutas e vegetais não eram aceitos para expiação do pecado. Somente pela oferta do sangue de uma criatura pura e inocente, o pecado poderia ser expiado. O Velho Testamento está cheio de ordenanças e admoestações referentes à necessidade desta oferta. Como todos nós sabemos, o cumprimento desta severa exigência do Altíssimo foi a oferta do Seu próprio e precioso Filho.

Jesus Cristo veio à Terra para morrer por nós. Ele morreu em nosso lugar, derramando Seu sangue para que a justa exigência de Deus pudesse ser satisfeita. Sem dúvida, se o sacrifício de um animal era precioso aos olhos de Deus, o sangue do próprio Filho de Deus é indescritivelmente mais precioso. O valor de tal sacrifício para Deus está além de nossa compreensão.

Para nós, que somos pecadores, esta oferta é também do mais supremo valor. O preço que foi pago foi alto o bastante para purificar e perdoar o mais horrendo pecador. Não há ninguém na terra que não possa ser perdoado. Não há pecador cujas obras sejam tão terríveis que o sangue de Jesus não possa limpá-los.

Que coisa gloriosa! Nós, que nos rebelamos contra Deus e pecamos contra Ele das mais terríveis maneiras, podemos ser limpos pelo sangue de Jesus. Não pode haver dúvida sobre esta preciosa verdade.

A maior parte da Igreja moderna, hoje, compreende este fato. Entretanto, freqüentemente ele tem sido levado a um extremo onde cessou de ser verdadeiro. Muitos mestres da Bíblia têm enfeitado tantos fatos sobre o sangue precioso de Jesus, até não estarem mais em harmonia com a mente de Deus ou com a Sua Palavra.

Por exemplo, muitos ensinam que, quando recebemos Jesus, Ele perdoa todos os nossos pecados, passados, presentes e futuros. Além disso, eles insistem, não há nada que possamos fazer ou dizer para mudar este fato. Uma outra fábula que é comumente propagada, hoje, é que Deus não pode ver o nosso pecado, porque Ele vê apenas o sangue de Jesus.

Estas afirmações não são verdadeiras. Não há versículos na Bíblia que afirmem tais coisas. Ao contrário, encontramos muitos versículos que dizem algo inteiramente diferente. Portanto, vamos juntos tomar um tempo para examinar cuidadosamente a Palavra de Deus a fim de descobrir qual é realmente a verdade de Deus.

A CONVICÇÃO DO PECADO

Lendo as Escrituras, descobrimos a revelação do perdão maravilhoso e livre de Deus. Ainda para receber este grande perdão e tomar parte na limpeza, também descobrimos que há algumas exigências. Uma das mais óbvias é o fato de que, se não perdoarmos aos outros, Deus não irá nos perdoar (Mt 6:15). Aqui, na Bíblia, há uma afirmação clara de que há pelo menos uma condição que precisamos preencher, para receber o perdão de Deus. Isto é, perdoar os outros. Todos os nossos pecados, passados, presentes e futuros, certamente podem ser perdoados, mas seguramente não o serão a menos que satisfaçamos as ordens de Deus.

Uma outra exigência que vem à mente é a necessidade do pecador ser convencido do pecado. Jesus afirmou: “Quando Ele [o Consolador] vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16:8). Este profundo senso de convicção do pecado é o primeiro passo que nos capacita a receber perdão. É o trabalho do Espírito Santo, pela graça de Deus.

Quando Pedro estava pregando às multidões no dia de Pentecostes, expondo o pecado deles pela crucificação de Jesus, qual foi a resposta daqueles ouvintes? Eles ficaram “aflitos no seu coração” (At 2:37 NVI). Eles foram convencidos. Subitamente perceberam a profundidade de sua perversidade. Sem esta profunda convicção de pecado, não poderiam ter sido preparados para receber perdão.

Vamos pensar nisto, juntos. Se você nunca foi convencido de seus pecados – não apenas aquilo que você fez, mas também aquilo que você é – então, você não tem a necessidade de um salvador. Se você não imaginou profunda e completamente, à luz de Deus, que você é pecador em seu coração, então, não pode pensar que você merece morrer. E, se você não merece morrer, então, é óbvio, não precisa de alguém que morra em seu lugar. Se você não se considera merecedor da sentença de morte, então, não precisa de um substituto para tomar o seu lugar nesta execução.

Portanto, você não pode verdadeiramente ser perdoado. O sangue de Jesus não é tinta. Ele fala da morte de alguém. Este Alguém morreu por aqueles que compreendem as tendências más de sua própria vida e natureza. Eles estão convictos de seus pecados. Estão profundamente arrependidos e acreditam que quem ou o quê eles são, não merece viver. Entretanto, estão prontos a receber o sangue de Alguém que morreu por eles. Nesta posição, eles podem receber o completo perdão.

Se você nunca foi convencido do pecado, então, não foi perdoado e, até hoje, vive no pecado. Não importa se você orou a “oração do pecador”. Não faz diferença se você é membro de uma igreja e assiste aos cultos regularmente. Para orar uma oração que resulte no seu perdão, você precisa primeiro ter tido um encontro com Deus. E, quando Deus Se revela ao homem, com tal revelação vem também a convicção do pecado.

Deus odeia o pecado. Assim, quando Ele Se revela, esta santidade abrasadora de Seu caráter automaticamente revela o pecado e a impureza daquele a quem Ele Se revela. Jó disse: “Antes eu te conhecia de ouvir falar, mas agora os meus olhos te veem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 42: 5,6).

Quantos chamados “cristãos” estão na posição de Jó, antes de Deus ter Se revelado? Eles “ouviram” a respeito de Deus e, talvez, tenham mentalmente concordado com o que ouviram, mas nunca O “viram”. Eles nunca se encontraram com Jesus. Nunca se convenceram do pecado e, por isso, nunca se arrependeram. Apesar do fato de que a igreja que eles freqüentam está tentando assegurar a eles que foram perdoados e salvos, a verdade é que eles não o foram.

SEGURANÇA DO PERDÃO

Falando desta “segurança de salvação” e perdão, a igreja não tem o direito de tentar assegurar tal coisa a quem quer que seja. Este é o trabalho de Deus. Em nenhum lugar da Bíblia foi dado à igreja o trabalho de assegurar às pessoas que elas estão bem com Deus. O trabalho da igreja é trazer homens e mulheres para Cristo. Seu trabalho é revelar Jesus de uma forma poderosa, através da pregação e do testemunho de que as pessoas podem vê-Lo e encontrá-Lo. É o trabalho de Jesus perdoar o pecador e dar-lhe a certeza de que foi perdoado. Esta certeza do perdão vem da presença de Deus. Quando alguém tem um relacionamento face a face com Ele, torna-se profundamente convicto de seu pecado e segue sabendo, tendo plena certeza, em seu coração, que encontrou o próprio Amor e Perdão.

Oh, como as igrejas, hoje, estão cheias daqueles que nunca foram convencidos do pecado! Eles não têm direito à segurança do perdão. Entretanto, estão convencidos, pelos homens, de que a têm.

Em vez de trabalharem para trazer pessoas a Deus, muitos cristãos estão trabalhando para trazer pessoas para “suas” igrejas. A meta deles é diferente daquela do Senhor. O objetivo deles é encher seus edifícios e multiplicar o número de membros. Eles trabalham para fazer as pessoas se sentirem confortáveis e bem vindas. Às vezes, eles até lutarão contra qualquer pregação que possa fazer alguém se sentir preocupado ou desconfortável. E assim, eles tomam o lugar de Deus. Eles oferecem um perdão “fácil” para alguém que concorde com eles e se una a eles. Este é um trabalho impiedoso.

O pensamento de Deus, por outro lado, é completamente diferente. É trazer homens e mulheres à convicção do pecado. Este é o trabalho do Espírito Santo, claramente afirmado (Jo 16:8). Os pecadores precisam se sentir desconfortáveis. Quanto mais desconfortável, melhor. Todos os grandes avivamentos da História da Igreja foram caracterizados por uma coisa: uma profunda e angustiosa convicção do pecado da parte dos descrentes.

É correto para os ímpios estar profundamente convictos disso. É bom para eles se angustiarem sobre sua condição pecadora. Uma tristeza profunda é um sinal maravilhoso da obra do Espírito Santo de Deus. Quando encontramos pecadores neste estado, não devemos trabalhar para aliviá-los deste peso. Nosso trabalho, nosso único trabalho, é apontá-los continuamente para o Salvador até que eles mesmos “façam negócio” com Ele, até que saibam, por eles mesmos, que foram perdoados e aceitos. Isto resultará em conversão verdadeira e duradoura.

Um outro passo necessário para receber o perdão é o arrependimento. Uma profunda convicção do pecado resulta em arrependimento da parte do pecador. Quando a multidão foi convencida ou “comovida em seus corações” através da pregação de Pedro, eles imediatamente gritaram: “o que devemos fazer?” A resposta de Pedro a isto foi: “Arrependei-vos e sejam batizados”. Você vê, arrependimento é o resultado necessário de uma profunda convicção de pecado.

Arrependimento significa, literalmente, na língua grega, “ter uma mudança da mente”. Em outras palavras, você, estando convencido do pecado, resolve nunca mais se envolver com o mesmo. Você muda a sua atitude para odiar o que você tem sido e feito e clama a Deus para ser completamente liberto de tal detestável comportamento. Isto é um passo necessário para receber o perdão, o volver do coração para genuinamente querer nunca mais se envolver com o pecado. A menos que haja tal determinação da parte do pecador, o perdão não pode ser encontrado.

Para melhor ilustrar esta verdade, vamos olhar o Velho Testamento. Lá, também, quando uma pessoa fazia uma oferta pelo pecado, havia esta requisição essencial. Esta pessoa precisava estar arrependida; precisava admitir seu pecado; lamentar verdadeiramente por ele; e ter a completa intenção de nunca cometê-lo novamente.

Sem esta atitude, a oferta feita não era agradável a Deus. Era um mau cheiro em Suas narinas. Por que Ele, que fez todas as coisas, iria querer ver morto um animal inocente e precioso, sem nenhuma razão? E por que matar um cordeiro iria aliviar o pecado da pessoa que o oferecia, quando em seu coração ela pretendia continuar com suas atitudes? Em vez de consertá-las com Deus, aquele sacrifício era uma farsa e tornava as coisas piores. Leia Isaías 66:3. Deus não perdoava estes hipócritas. Ao invés disso, Seu julgamento sobre eles foi elevado.

Possivelmente, muitas pessoas na igreja, hoje, pensam que enquanto o sangue de touros e bodes não podia realmente esconder os pecados daqueles que “não estavam completamente prontos para mudar”, o sangue de Jesus pode fazê-lo, porque é muito mais eficaz. Esta, também, é uma ideia errada. Embora verdadeiramente o sangue de Jesus seja muito mais “eficaz”, ele esconde de Deus apenas aqueles pecados dos quais verdadeiramente nos arrependemos.

Embora muitos cristãos, hoje, digam que “Deus não vê os nossos pecados, mas apenas o sangue”, a Bíblia diz que “Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons” (Pv 15:3). E também “...todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos que prestar contas” (Hb 4:13). Você vê, Deus conhece nossos motivos. Ele sonda nossos corações. Nunca podemos enganá-Lo, mesmo que nos enganemos a nos mesmos.

Sim, uma vez que nos arrependemos verdadeira e completamente, nosso pecado é removido de nós, “...quanto dista o Oriente do Ocidente” (Sl 103:12). Deus não Se lembra mais dele. Mas isto é resultado de um espírito quebrantado e contrito. É algo que acontece com aqueles que vêm a Deus com um coração sincero e verdadeiro (Hb 10:22). Quando, à luz de Deus, somos convencidos do que fizemos e do que somos e nos arrependemos de verdade, nossos pecados são, de fato, perdoados e removidos para sempre.

Entretanto, se Deus não aceitava o sangue de animais inocentes para perdoar pecadores não arrependidos, quanto menos aceitará o sangue de Seu mais precioso Filho para aliviar cristãos não arrependidos de sua justa recompensa. Se não estamos prontos e desejosos de nos arrepender, total e completamente, e nos voltarmos dos nossos maus caminhos, o sangue de Jesus não nos fará bem algum. Não faz diferença se nascemos de novo. De fato, tentar tirar vantagem do sangue precioso do Filho de Deus, deste modo, só tornará pior a nossa situação. Deus nunca é escarnecido ou enganado, mesmo que nós nos enganemos.

Com certeza, precisamos ser capazes de distinguir entre as acusações do diabo em nossa mente e a verdadeira convicção do pecado em nossa consciência. É verdade que o diabo pode nos condenar e o faz. Entretanto, se estivermos genuinamente convencidos e arrependidos diante de Deus, então, e somente então, temos a armadura necessária para resistir a tais acusações. Arrependimento autêntico, profundo e completo, não apenas nos acerta com Deus, mas também nos dá base para resistir a posteriores ataques do diabo. Quando temos do próprio Deus a certeza de termos sido perdoados, então, o inimigo tem muito pouco a dizer.

Entretanto, muito freqüentemente, o convencimento do Santo Espírito é etiquetado por cristãos bem intencionados como “acusações” ou “mentiras do inimigo”. Precisamos ser muito cuidadosos para não recusar a convicção do Espírito Santo, etiquetando Seu trabalho como “do diabo”. Verdadeiramente, o grande problema na Igreja, hoje, não é o excesso de falsas acusações, mas a insuficiência de arrependimento.

As verdades que estivemos investigando aqui neste texto aplicam-se a crentes tanto quanto a descrentes. Os passos necessários para receber perdão são também para os cristãos. Há muitos membros de igreja, hoje, que, embora tenham um dia nascido de novo, não estão totalmente convencidos do pecado, nem inteiramente arrependidos e, portanto, não completamente perdoados.

Muitos dos filhos de Deus estão andando em pecado e, portanto, não foram, repito, não foram perdoados por Deus. Receber a Vida eterna, na verdade, requer uma convicção inicial e arrependimento. Entretanto, a necessidade de perdão não acaba aqui. Assumindo que alguém tenha realmente nascido na família de Deus, ainda permanece a necessidade de um arrependimento contínuo.

ANDANDO NA LUZ

Arrependimento, para o crente, não é meramente uma ocorrência única, mas uma experiência diária, cada vez mais profunda. Quanto mais crescemos espiritualmente e mais próximo caminhamos com a Luz do mundo, mais profundamente sentimos nosso estado pecaminoso. Quando eu era um cristão novo, pensava algo assim: “Depois de 20 ou 30 anos caminhando com o Senhor, vou ser realmente santo”. Mas, a minha experiência, depois de mais do que 37 anos, é: “Eu sou verdadeiramente pecador e merecedor da morte”. Desta posição, sei que sou constantemente perdoado e limpo. Glória a Deus, quando “confessamos” os nossos pecados, Ele faz duas coisas: não apenas nos perdoa por aquilo que fizemos, mas nos limpa daquilo que somos. (1 Jo 1:9).

Em 1 João 1:7, vemos ainda que há uma outra exigência a ser cumprida para sermos perdoados. Nesta passagem está claro que o perdão não é apenas uma “coisa de um tempo só”. É uma experiência contínua para cada cristão verdadeiro. João nos ensina que “Se, porém, andamos na luz, como Ele está a luz, ...o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado”.

A palavra “se”, aqui, indica que há definitivamente um prérequisito para a nossa limpeza. “Andar na luz” significa que estamos sendo constantemente iluminados pela luz de Deus. Nós estamos vivendo em Sua presença a cada dia. Assim, pela expressão de Sua face, cada pensamento, atitude ou ação nossa é revelado a nós como realmente é. Se, e quando, for pecaminoso, então, poderemos nos arrepender novamente e experimentar o maravilhoso perdão e a purificação, que são gratuitamente dados a nós, em Cristo. Para um crente viver em perdão, precisa andar na presença de Deus, respondendo continuamente a qualquer convicção de pecado quando ela ocorrer.

O JULGAMENTO DE DEUS

Todos serão julgados por Deus. Todo homem e toda mulher que já viveu na terra estará diante Dele um dia. Os descrentes aparecerão diante do que é conhecido como o “grande trono branco” (Ap 20:11). Lá, todos aqueles que odiaram e rejeitaram a Cristo serão lançados no lago de fogo (Ap 20:15).

Ainda, 1000 anos antes deste evento, os filhos de Deus serão julgados. Eles ficarão diante do “tribunal de Cristo” (2 Co 5:10). Ali, aqueles, cujas obras são boas, serão abençoados; mas aqueles, cujas obras são más, serão punidos (biblicamente, a palavra “recompensa” não significa apenas coisas boas, mas indica que iremos obter o que justamente merecemos. Veja 2 Timóteo 4:14). Entretanto, vamos ser bem claros sobre uma coisa. A punição aos filhos de Deus desobedientes não é a mesma punição do julgamento dos descrentes. Nenhum crente se perderá, nenhum deles será eternamente atormentado.

Acompanhe-me com o seguinte raciocínio lógico: se somos perdoados por nossos pecados, eles não poderão ser julgados, porque o julgamento já caiu sobre Um Outro. Mas, se ainda estamos andando em pecado, se não fomos convencidos, se não nos arrependemos e, portanto, não fomos perdoados, certamente seremos julgados por estes pecados.

Se falhamos em encontrar o critério de Jesus para o perdão, a única alternativa é que receberemos a punição que merecemos. Isto é verdade tanto para crentes, quanto para descrentes, somente a punição será diferente. Se nós, como crentes, não estamos “caminhando na luz” e, portanto, não vivendo diariamente em arrependimento e perdão, então temos algo terrível para contemplar.

Hebreus 10:26-27 diz: “Porque se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelo pecado; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários.” Você vê, o sacrifício de Jesus é apenas para aqueles que se arrependeram de seus pecados e, portanto, receberam perdão. O “nós” aqui só pode se referir a crentes, já que descrentes não “receberam” a verdade. Os “adversários”, aqui, são aqueles cristãos que estão resistindo à obra de Deus em suas vidas.

A mais severa punição para os crentes é o que já estudamos no capítulo intitulado “O Tribunal de Cristo”. Lá compreendemos que a vida da alma ainda não transformada dos crentes será consumida e, portanto, perdida diante da presença do Deus Todo Poderoso.

Esta destruição da alma é resultado direto de viver sem arrependimento e sem receber o perdão e a purificação que necessitamos desesperadamente. O que não foi perdoado será julgado e punido. O que foi perdoado já terá sido limpo e transformado.

Há, na verdade, muitas outras conseqüências para crentes desobedientes, mas não há espaço aqui neste texto para detalhes sobre elas. Para compreender melhor isto, por favor, procure no meu livro intitulado “Venha o Teu Reino”.

OS MEIOS PARA SE CHEGAR A UM FINAL

Como foi afirmado, no princípio deste capítulo, Jesus veio à terra e morreu com um propósito. Seu propósito eterno era redimir e preparar uma noiva para Si. Não era simplesmente para resgatar um bando de pecadores através do perdão. O perdão não era a meta, apenas o meio de se chegar a um fim. Este fim era transformar estes pecadores à Sua própria semelhança, dando a eles acesso à Sua própria Vida e natureza, a fim de preparar uma noiva para Si mesmo.

O Seu maravilhoso perdão era apenas o primeiro passo. A purificação pelo Seu sangue abriu caminho para entrarmos em uma comunhão íntima com o Pai. E, através desta comunhão, podemos ser transformados em tudo o que Ele é. Conseqüentemente, quando estivermos diante de Deus, não vamos poder usar o sangue de Jesus para nos desculpar de não ter feito a coisa pela qual o sangue foi derramado! Não podemos esperar ser perdoados por ignorar a razão verdadeira pela qual fomos perdoados.

Para ajudar o leitor a compreender isto, deixe-me usar uma ilustração.Vamos supor que alguém comprou para você uma passagem para a próxima Copa do Mundo. Ele pagou a tarifa aérea, comprou entradas para todos os jogos, arrumou para você um hotel e toda a sua comida grátis, até mesmo forneceu a você um dinheiro extra para usar em seu próprio prazer e diversão.

Naturalmente, você iria agradecê-lo e dizer-lhe o quanto apreciou este magnífico presente. Você poderia até mesmo escrever-lhe uma carta para fazê-lo saber o quão realmente grato você está. Mas vamos supor que, quando chegasse a hora de ir para a Copa, você não fosse. Você estivesse muito ocupado com seu sítio ou com seu hobby, e não fizesse qualquer esforço para entrar naquele avião e ir.

O que isto iria mostrar? Iria indicar que você realmente não deu valor ao presente. Mesmo que tivesse agido como se fosse importante para você, na verdade não era. Você tratou o presente como uma coisa ordinária, comum, sem nenhum valor especial. Você insultou seu amigo e pisoteou seu presente.

Então, quando ele viesse lhe visitar para saber como você aproveitou a Copa, o que você iria dizer? Ele aceitaria o bilhete de volta como uma desculpa por você não ter ido? O fato de ter comprado a passagem para você com grande despesa pessoal e sacrifício iria gerar perdão em seu coração por sua negligência? Nunca.

Agora, nosso Deus nos proporcionou uma oportunidade indescritível. Com o Seu próprio sangue, comprou para nós a possibilidade de compartilhar de tudo o que Ele é. Este é o presente mais valioso que alguém pode dar, pago pelo mais alto preço. O Deus do Universo abriu o caminho para nós, pequenos e insignificantes seres humanos, para crescermos até Sua plenitude.

Mas vamos supor que não crescemos. Vamos imaginar que há uns poucos cristãos que estão negligenciando o tirar proveito deste grande presente. Em vez disso, estão vivendo por eles mesmos, e servindo os apetites da carne.

Talvez, eles freqüentem a igreja regularmente. Talvez, eles não tenham pecados “indecentes” evidentes em suas vidas. Mas, eles não estão buscando Cristo de todo coração e não estão sendo transformados à Sua imagem. Estão meramente interessados em coisas terrenas e, então, não progridem espiritualmente.

Quando Jesus voltar, estas pessoas serão capazes de “pleitear o sangue” para desculpar-se por seu estilo de vida carnal? Diante do Tribunal de Cristo, Ele aceitará o sangue precioso que comprou-lhes o direito de entrar, em tudo que Ele é, para desculpar aqueles que não entraram? Claro que não! Não escaparemos de Seu julgamento “se negligenciarmos tão grande salvação” (Hb 2:3). Quem quer que abuse da graça de Deus para viver por si mesmo esperando que Seu sangue o perdoe por fazer isso, se surpreenderá diante do Tribunal de Cristo. Naquele momento, a “Era da Graça” já terá acabado. A oportunidade para arrependimento e perdão agora será passado. Então, o trono da graça será substituído pelo trono do julgamento. Lá, responderemos pelo que fizemos com a graça e o perdão que estavam disponíveis para nós.

“Quão mais severo castigo, julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou [tratou com pouco valor] o sangue da aliança pelo qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça? Ora, nós conhecemos aquele que disse: ‘A mim pertence a vingança; eu retribuirei.’ E outra vez: ‘O Senhor julgará o seu povo’. Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10:29-31). (Veja também Hebreus 6:4-8.)

Vamos rever também Hebreus 10:26,27: “Porque se vivemos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador, prestes a consumir os adversários.”

Este versículo não é direcionado para o cristão que tropeça de vez em quando e peca, mesmo sabendo que está errado. “Vivendo deliberadamente em pecado”, aqui, está se referindo a pecado persistente, sem arrependimento. Está falando sobre o mesmo assunto que estamos discutindo. Veja, se você tenta ludibriar a Deus e usa o sangue precioso de Seu Filho como desculpa para não ter entrado no Seu plano eterno, o resultado é “terrível julgamento” e “fogo consumidor”. De Deus, na verdade, não se zomba, pois daquilo que semearmos, também colheremos (Gl 6:78).

Queridos amigos, essas são sérias considerações, com conseqüências eternas. Que Deus possa derramar sobre nós toda a abundante graça que Ele tem, para nos dar uma salvação completa, a fim de que não sejamos envergonhados diante Dele, em Sua vinda.

Final do Capítulo 9

Ler outros capitulos online:

Capítulo 1: THE LOVE OF GOD

Capítulo 2: A OFERTA DA VIDA

Capítulo 3: AS DUAS ÁRVORES

Capítulo 4: AS DUAS NATUREZAS

Capítulo 5: A SENTENÇA DA MORTE

Capítulo 6: A SALVAÇÃO DA ALMA

Capítulo 7: O TRIBUNAL DE CRISTO

Capítulo 8: MONTANHAS E VALES

Capítulo 9: O SANGUE DA ALIANÇA (Capítulo Atual)

Capítulo 10: DIVIDINDO ALMA E ESPÍRITO (1)

Capítulo 11: DIVIDINDO ALMA E ESPÍRITO (2)

Capítulo 12: PELA GRAÇA, ATRAVÉS DA FÉ

Capítulo 13: A IMAGEM DO INVISÍVEL

Capítulo 14: A ESPERANÇA DA GLÓRIA